domingo, 16 de junho de 2013

"O meu boi é melhor que o Cristiano, ganha é menos"

CHEGAS DE BOIS DE MONTALEGRE


por Suraia Cláudia Ferreira, agência LusaHoje8 comentários

O campeonato de Chegas de Boi de Montalegre, desporto-rei da região,
já deu a "cornada" de saída e, até agosto, touros fortes e de tons
castanhos competirão no "chegódromo" para arrecadar o prémio final de
750 euros.

As tardes de domingo, até 08 de agosto, são sinónimas de romaria nesta
vila de Trás-os-Montes. No recinto próprio para a luta dos animais -
"chegódromo" - os bois de raça barrosã são colocados frente a frente,
enfrentam-se, entrelaçam os cornos, afastam-se e voltam ao confronto
que termina quando um dos touros fugir, assumindo a derrota.

A tradição é antiga, passa de geração em geração e atrai pessoas como
se de um jogo de futebol se tratasse com primeira e segunda jornada,
quartos-de-final, meias-finais e final.

Independentemente do resultado da chega, cada animal recebe 500 euros
e na final o prémio sobe para os 750 euros.

Miúdos e graúdos conhecem os touros, os nomes, os donos, e entre
comentários, reclamações e aplausos, fazem prognósticos.

Tal como no mundo do futebol, as chegas têm um "Mourinho dos Bois",
Jaime Ribeiro, produtor da raça, que ganhou este apelido por ter,
durante vários anos, o boi campeão.

"O meu boi é melhor do que o Cristiano, ganha é menos", disse à Lusa,
em tom de brincadeira.

A tratar de animais desde criança, Jaime Ribeiro realçou que um boi dá
"muito trabalho" e uma despesa mensal de cerca de 250 euros.

Dono de um boi, também ele campeão, Acácio Lopes revelou que a tática
da vitória está em ter um "bom" touro, que é como quem diz forte,
dar-lhe muito de comer, andar com ele no monte e treiná-lo.

O criador revelou que lhe ofereceram 6.000 euros pelo boi, que faz
oito anos em agosto, mas não o vendeu.

António Duarte, produtor há 40 anos, não rói as unhas durante a chega,
mas perde o apetite.

"Se o Benfica perder fico aborrecido, mas supero, agora se perder o
meu boi, o do meu filho ou o do meu sócio fico sem vontade de comer",
afirmou.

Umas vezes campeão, outras derrotado, António afirmou que, por vezes,
antes de entrar em campo "dá umas falas" aos bois e consegue
resultados positivos.

Organizadas pela Associação "O Boi do Povo", as chegas têm por
objetivo preservar uma tradição e a raça barrosã em vias de extinção,
bem como atrair pessoas a Montalegre.

O presidente, Nuno Duarte, frisou que o campeonato tem 13 bois
inscritos e vai ser "renhido".

"Juntamos mais de mil pessoas. Isto parece mesmo um campeonato do
mundo", rematou.

Tal como numa romaria, o "chegódromo" tem, numa carrinha improvisada,
cervejas, sumos, água e tremoços à venda e, para distrair os
espetadores no intervalo, um ecrã com chegas de anos anteriores.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3269122&page=-1

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