terça-feira, 23 de julho de 2013

Assembleia da República: PCP questiona Governo sobre o desenvolvimento de uma fileira associada ao figo-da-índia

Recentemente, uma delegação do PCP visitou uma plantação experimental
de figueiras-da-índia, na localidade do Pessegueiro, na freguesia de
Martim Longo do concelho de Alcoutim. Nessa visita, realizada a
convite da COOPÊSSEGO – Cooperativa Agrícola de Rega do Pessegueiro e
da APROFIP – Associação de Profissionais de Figo da Índia Portugueses,
e que contou com a participação de diversos produtores nacionais de
figo-da-índia, a delegação do PCP inteirou-se das grandes
potencialidades da cultura da figueira-da-índia.

A figueira-da-índia, muitas vezes descrita como "um tesouro por baixo
de espinhos", é uma cultura resistente à seca e de elevada eficiência
no uso da água, adaptando-se a zonas áridas e semiáridas onde as
limitações edafoclimáticas para a agricultura são mais acentuadas. Em
Portugal existem diversas espécies de figueiras-da-índia
subespontâneas, dispersas principalmente pelo Algarve e Alentejo.

A figueira-da-índia é uma planta que tem um potencial de
aproveitamento quase integral. Os cladódios (palmas) são utilizados
para a alimentação do gado e para a produção de sumos, compotas,
picles e conservas, ou ainda de corantes naturais ou espessantes. Os
cladódios jovens (com 30 a 60 dias) podem ser usados para consumo
humano como hortaliça fresca ou cozida. No que respeita aos frutos –
figos-da-índia – a sua utilização mais difundida é como fruto fresco,
podendo, no entanto, ser consumidos na forma de sumo, néctar ou polpa
ou utilizados para a produção de compotas, geleias, xaropes,
adoçantes, produtos desidratados, vinhos, licores e mesmo vinagre ou
ainda para a produção de corantes alimentares naturais. Da semente é
extraído um óleo utilizado na indústria cosmética, podendo do processo
de extracção obter-se um subproduto para a alimentação animal. Por
fim, a flor é utilizada, depois de seca, para produção de infusões com
diversos usos terapêuticos.

Em Portugal, a cultura da figueira-da-índia começou a suscitar
recentemente algum interesse, existindo já algumas plantações,
definitivas ou a título experimental. Em Março de 2012, foi
constituída a APROFIP – Associação de Profissionais de Figo da Índia
Portugueses, que disponibiliza apoio técnico e jurídico aos seus
associados, no âmbito da implementação, manutenção, exploração e
comercialização da figueira-da-índia e produtos derivados.

Cerca de um terço do território português apresenta elevada
susceptibilidade à desertificação. As alterações climáticas poderão
vir a agravar os efeitos das secas, acelerar a degradação dos solos e,
consequentemente, a desertificação do território, condicionando
severamente o desenvolvimento de extensas áreas rurais. A cultura da
figueira-da-índia pode dar um contributo relevante para a
revitalização dessas áreas rurais e a dinamização das economias
locais. Permite aos proprietários de terras incultas ou
subaproveitadas obter um rendimento significativo e sustentável, além
de estimular um conjunto de actividades económicas a jusante.

Contudo, a cultura da figueira-da-índia enfrenta, em Portugal,
diversos factores limitantes, como sejam a escassez de conhecimentos
técnicos dos métodos de produção e processamento e inexistência de
serviços de apoio agrícola especializado; o baixo conhecimento do
produto no mercado nacional; as dificuldades no acesso ao crédito por
parte de jovens agricultores e novos produtores; e as limitações no
acesso à terra para jovens agricultores. Urge ultrapassar estas
limitações, criando condições para o desenvolvimento de uma fileira
associada ao figo-da-índia.

Assim, o Grupo Parlamentar do PCP, tendo em conta que a cultura da
figueira-da-índia pode dar um contributo relevante para a
revitalização de extensas áreas rurais do nosso país afectadas por
fenómenos de desertificação e permitir aos proprietários de terras
incultas ou subaproveitadas obter um rendimento significativo e
sustentável, questionou o Ministério da Agricultura, do Mar, do
Ambiente e do Ordenamento do Território sobre a disponibilidade do
Governo para promover, apoiar e fomentar o desenvolvimento de uma
fileira associada ao figo-da-índia.

Fonte: Gabinete do Grupo Parlamentar do PCP

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/07/23.htm

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