quarta-feira, 21 de agosto de 2013

INE / Previsões Agrícolas: Aumentos de produtividade nas vinhas e nos pomares de pereiras e macieiras; Aumento global da produção de cereais de Outono/Inverno

As previsões agrícolas, a 31 de Julho, apontam para um desenvolvimento
vegetativo normal para a época, das culturas de Primavera/Verão, não
se prevendo variações significativas de produtividade.
Pelo terceiro ano consecutivo prevê-se um aumento da superfície de
milho de regadio, confirmando-se assim, a tendência para o
investimento nesta cultura, a qual revela um sector progressivamente
mais dinâmico e competitivo.
Nos pomares registam-se aumentos consideráveis na produtividade da
pêra e da maçã, enquanto no pêssego e na amêndoa as condições
climatéricas adversas na altura da floração/polinização (frio e geada)
determinaram reduções nos rendimentos unitários.
As vinhas apresentam um bom desenvolvimento vegetativo, não havendo
problemas fitossanitários dignos de destaque, pelo que se prevê um
aumento de 10% na uva para vinho e de 5% na uva de mesa.
A campanha dos cereais de Outono/Inverno saldou-se, após a má campanha
anterior marcada pela seca extrema, por um aumento global da produção.

O mês de Julho caracterizou-se, em termos meteorológicos, por
temperaturas muito elevadas, superiores aos valores normais para a
época, em particular na primeira década. Em 3 de Julho iniciou-se uma
onda de calor, que se estendeu praticamente a todo o território do
Continente, e que se prolongou até ao dia 13 na região de
Trás-os-Montes. Esta onda de calor foi, pela sua extensão espacial e
temporal, a par com a de 2006, a mais significativa observada no mês
de Julho desde 1941. A precipitação foi escassa e circunscrita a
pequenas zonas muito localizadas.

Ao longo do mês ocorreu uma diminuição da percentagem de água no solo,
em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas,
verificando-se no final do mês valores inferiores a 10% em grande
parte do território.

Estas condições estivais permitiram a normal realização dos trabalhos
específicos da época, dos quais se destacam a ceifa dos cereais, o
enfardamento das palhas e dos fenos tardios e a colheita de alguma
fruta e da batata plantada mais cedo.

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/08/20b.htm

As temperaturas elevadas favoreceram o desenvolvimento vegetativo das
culturas instaladas, propiciando a recuperação do atraso vegetativo
que muitas apresentavam. Por outro lado, o excesso de calor obrigou ao
incremento das regas nas culturas de regadio, totalmente garantidas
pela disponibilidade de água.

As pastagens, os agostadouros dos cereais e algumas palhas ainda
satisfazem as necessidades alimentares dos efectivos pecuários, sendo
o contributo de forragens verdes, fenos, silagens e principalmente de
rações industriais reduzido e praticamente circunscrito ao efectivo
estabulado, gestante e em lactação.

Consolidação da tendência de aumento da área de milho de regadio

A área de milho de regadio deverá registar um aumento de 10% face a
2012, consolidando a tendência de crescimento do sector, que nos
últimos 3 anos se tem revelado progressivamente mais dinâmico e
competitivo. De facto, apesar do ambiente económico desfavorável e da
volatilidade de preços, que caracteriza o mercado mundial dos cereais,
tem-se assistido a um aumento do investimento, nomeadamente com a
instalação de novas áreas de milho no perímetro de rega do Alqueva.

Na actual campanha, o encharcamento dos solos até meados de Abril
atrasou as sementeiras de milho para grão e condicionou a germinação e
o desenvolvimento inicial da cultura. No entanto, o aumento das
temperaturas registado no final de Junho promoveu o desenvolvimento
das plantas, que se encontram, de um modo geral, na fase final da
floração. A maior preocupação dos produtores é, agora, o decréscimo do
preço registado nas últimas semanas.

Campanha de cereais de primavera decorre com normalidade

No milho de sequeiro, embora as elevadas temperaturas tenham causado
situações de stress hídrico e provocado o bloqueio do crescimento e o
amarelecimento das folhas, prevê-se um aumento de 5% do rendimento
unitário, face a 2012.

O frio registado no início do ciclo do arroz atrasou consideravelmente
o crescimento das plantas e promoveu o desenvolvimento de infestantes,
contribuindo para um elevado grau de infestação das searas. De referir
ainda que no Mondego a cultura também tem sido condicionada pela
elevada frequência de manhãs nubladas observadas no último mês, que
tem prejudicado o enchimento do grão (fase fenológica em que a cultura
necessita de temperaturas altas e de um levado número de horas de
Sol). Desta forma, prevê-se uma produtividade a rondar os 5 700 kg/ha,
o que reflecte um decréscimo de 5% face à campanha passada.

Produtividade da batata de regadio diminui 5%

O desenvolvimento da batata de regadio decorreu com normalidade,
apresentando a cultura, de um modo geral, um bom aspecto vegetativo.
No entanto, a colheita já efectuada em algumas regiões, nomeadamente
na Península de Setúbal, revelou que as plantas, embora com bom
aspecto vegetativo, apresentavam menos tubérculos que o normal,
consequência do tempo irregular que se fez sentir ao longo do ciclo
produtivo (chuva intensa e frio seguidos de calor); consequentemente
prevê-se um decréscimo de produtividade de 5% face a 2012.

Perspectiva-se mais uma boa campanha no tomate para a indústria

A plantação do tomate para a indústria foi inicialmente condicionada
pelo excesso de humidade do solo que se verificou até meados de Abril.
Posteriormente a cultura recuperou e desenvolveu-se regularmente, sem
grandes problemas fitossanitários. Desta forma perspectiva-se uma
campanha com bons rendimentos unitários (+7% que a média do último
quinquénio), embora 5% abaixo do ano anterior, em virtude de as
plantas, sobretudo as plantadas mais cedo, apresentarem menos frutos
do que o esperado.

Para o girassol prevê-se uma produtividade de 560 kg/ha, muito próxima
da média dos últimos 5 anos.

Aumentos de produtividade nas pomóideas (pêra e maçã) e decréscimos
nas pomóideas (pêssego e amêndoa)

Nos pomares de pereiras o vingamento foi bom mas a multiplicação
celular foi irregular, pelo que as árvores apresentam muitos frutos de
calibre heterogéneo. Desta forma, a produtividade da pêra deverá, após
a má campanha de 2012, registar um aumento na ordem dos 85%.

Nas macieiras o desenvolvimento vegetativo foi normal, apresentando os
frutos calibres regulares. Espera-se assim um aumento de produtividade
de 15%, face à campanha anterior (prejudicada pela situação de seca
extrema registada nas principais regiões produtoras).

A colheita do pêssego, este ano iniciada mais tarde do que o habitual
por atraso da maturação das variedades precoces, ainda se encontra a
decorrer. Devido às condições climatéricas desfavoráveis registadas na
fase de floração e vingamento dos frutos, designadamente frio e chuva,
a produtividade dos pomares de pessegueiros foi muito afectada,
perspectivando-se uma das piores campanhas dos últimos anos.

Também para a amêndoa as condições climatéricas registadas durante a
floração e vingamento dos frutos foram muito desfavoráveis,
prevendo-se uma significativa redução da produtividade (-35%).

Vinhas apresentam bom desenvolvimento vegetativo

As vinhas encontram-se no estado fenológico do pintor, apresentando um
bom aspecto vegetativo e maior uniformidade que no ano anterior. As
condições climatéricas têm sido favoráveis ao desenvolvimento da
cultura, com a floração e o vingamento a decorrerem sem incidentes,
não havendo registos de problemas sanitários dignos de destaque. A
produtividade da uva para vinho deverá registar aumentos de 10% face a
2012, enquanto que para a uva de mesa mantêm-se as previsões de um
aumento de 5%, apresentando as videiras cachos bem formados.

Campanha de cereais de Outono/Inverno saldou-se por um aumento global
da produção

A colheita dos cereais praganosos de Outono/Inverno encontra-se
praticamente concluída, saldando-se por um aumento global da produção,
face à campanha anterior (muito condicionada pela seca extrema). Para
o trigo mole, apesar do decréscimo de área ter rondado os 10%,
prevê-se um aumento da produção de 50% devido ao natural aumento da
produtividade, após à má campanha de 2011/2012. Em contrapartida, a
produção de trigo duro deverá registar um decréscimo de 20%, em
virtude do acentuado decréscimo da área semeada (-65%). Os aumentos de
produção do triticale (+90%) e da cevada (+40%) resultam
exclusivamente de acréscimos de produtividade, enquanto a produção de
centeio deverá registar um aumento de produção de 35%, reflexo dos
aumentos de área e de produtividade.

De salientar que a actual campanha ficou aquém da produção média dos
últimos cinco anos, tendo muitas searas sido fenadas e/ou pastoreadas
devido às baixas produtividades e fraca qualidade do grão.

Condições climatéricas prejudicaram a produção de batata de sequeiro

As plantações de batata de sequeiro atrasaram-se, tendo o excesso de
humidade criado condições para o apodrecimento da batata-semente e
para o surgimento de ataques de míldio e alternária, apresentando-se
os batatais irregulares, pontuados de manchas mortas. As temperaturas
não foram favoráveis ao desenvolvimento de um grande número de
tubérculos, com repercussões nas produtividades alcançadas, que foram
das mais baixas das últimas décadas. A produção de batata de sequeiro
deverá, assim, ser ainda inferior à alcançada na campanha anterior
(-5%), situando-se 38% abaixo da média do último quinquénio.

Fonte: INE

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