quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Pellets a mais ou floresta a menos?

Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente



A indústria de pellets de madeira é uma realidade que veio para ficar.
Resultado de uma procura conscienciosa da Europa, em reduzir a sua
dependência de combustíveis fósseis e atenuar as emissões de CO2.
Milhões de toneladas de pellets são produzidos anualmente, fazendo
deste, um negócio emergente e uma oportunidade de revitalizar o sector
florestal em todo o Mundo.

Notícias recentes apontam o Reino Unido como um dos principais países
consumidores de pellets, tendo sido responsável em 2012, pela
importação de mais de 1,5 milhões de toneladas provenientes do Canadá
e 1,7 milhões de toneladas de pellets dos Estados Unidos,
correspondendo a um histórico aumento de 50% das exportações deste
produto, no continente Norte Americano.

Portugal não é indiferente a este mercado, e nos últimos anos, a sua
produção atingiu valores estrondosos que contribuíram para o impulso
da economia associada do sector florestal.

Os dados apontam para uma produção nacional anual de cerca de 700.000
toneladas de pellets, e o futuro indica um crescimento substancial,
quer ao nível do consumo interno (que actualmente se fixa nos 12%),
mas sobretudo face ao comércio internacional associado a este produto.
Lembramos que apenas recentemente se começaram a instalar em Portugal
sistemas de aquecimento que utilizam este produto, com grandes
vantagens ao nível da poupança de energia.

A ANEFA considera que esta pode ser a oportunidade que o sector
florestal há tanto esperava. Em primeiro lugar, porque constituiu no
último ano a "salvação" da cadeia de produção de rolaria de pinho, já
que 80% da produção de pellets provem da utilização do pinheiro bravo,
que, como é sabido, continua a ser fortemente abalado com a doença do
Nemátodo da Madeira do Pinheiro associado à falta de escoamento das
serrações. Por outro lado, porque terá de obrigar a uma estratégia de
sustentabilidade entre o sector industrial e a produção.

Ao contrário do que já se aponta como solução para o mercado das
pellets em Portugal, com a limitação da instalação de novas fábricas
de pellets, a ANEFA considera que a questão fundamental está na
disponibilidade de matéria-prima para o efeito. Assim, em vez de se
tentar limitar a produção industrial, que nos parece um contrassenso,
quando se sabe que a produção de pellets a nível nacional se encontra
praticamente vendida na sua totalidade até Maio de 2014 e que todos os
indicadores internacionais apontam para um maior consumo ao nível da
Europa nos próximos anos, Portugal deve apostar prioritariamente em
acções de arborização e melhoria dos povoamentos existentes,
incentivando ao investimento à florestação nacional, em particular do
pinheiro bravo, constituindo no nosso entender, uma óptima
oportunidade para reavivar esta fileira. Mesmo no nosso país a
utilização deste tipo de produto ainda está no início, e por isso
limitar a sua produção, quando a mesma contribui para um aumento da
racionabilidade da utilização de soluções energéticas constitui um
retrocesso na política energética que se pretende implementar com
claras vantagens do ponto de vista ambiental.

Lisboa, 12 de Agosto de 2013

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/08/13a.htm

1 comentário:

Anónimo disse...

Quero limpar um pinhal em trás-os-montes e não aparece ninguém interessado. Não me parece que haja assim tanta procura de materia prima, inclusive porque ja contactei empresas do sector que desprezam completamente esta oferta.

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