domingo, 4 de agosto de 2013

Sector cervejeiro resiste à crise com exportações, mas precisa de baixa do IVA

2 de Agosto, 2013
O sector cervejeiro português tem resistido à crise "através da
exportação", mas é necessário baixar o IVA da restauração para
dinamizar o negócio, defendeu hoje, em declarações à Lusa, o
secretário-geral da Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja
(APPC).

Francisco Gírio falou à Lusa a propósito do dia internacional da
cerveja, que se comemora na primeira sexta-feira de Agosto, como é o
caso de hoje.

O sector cervejeiro português exporta cerca de 40% da sua produção
total de cerveja, a que corresponde um valor de cerca de 300 milhões
de euros, alcançando, no caso de Angola, o primeiro lugar no 'ranking'
dos exportadores para aquele mercado.

Questionado sobre como tem resistido o sector à crise em Portugal, o
secretário-geral explicou que isso tem sido feito "através da
exportação".

Este "é um caminho natural para as nossas empresas e é quase um
caminho de sustentabilidade, na medida em que o mercado interno tem
vindo a diminuir desde, praticamente, a década de 90", mas
"acentuou-se nos últimos dois anos devido à crise económica".

Francisco Gírio disse que a associação espera que "nos próximos anos
possa existir uma inflexão nesses valores, com uma ligeira subida".

No entanto, "a exportação não é a solução vital. Existem limites e não
é possível manter a sustentabilidade apenas através da exportação".

Por isso, "é muito importante para o sector a inversão das políticas
públicas relacionadas com o consumo fora de casa, nomeadamente o
urgente regresso do IVA da restauração aos 13%", sublinhou.

A 30 de Julho último, o Governo anunciou o adiamento para final de
Agosto da apresentação das conclusões da avaliação do regime fiscal
aplicável aos sectores da hotelaria e restauração.

Segundo as estimativas da associação, o canal HoReCa (Hotéis,
Restaurantes e Cafés) foi responsável por 67,5% do consumo no ano
passado, abaixo dos 69% registados nos dois anos anteriores, enquanto
o segmento de consumo em casa aumentou o peso para 32,5%.

Sobre as expectativas da APPC sobre o desempenho do sector este verão,
Francisco Gírio disse que estas são "apreensivas", não só por causa da
tendência da diminuição do consumo que se tem vindo a sentir, como
consequência da austeridade, como "também pelo início tardio do
verão".

O responsável acrescentou que os resultados vão depender do período
entre Julho e Setembro.

O peso do verão nas vendas de cerveja em Portugal "é bastante
significativo", com o período entre Maio e Setembro a representarem
cerca de 70% do consumo.

"Se o verão continuar quente, é provável que haja uma ligeira
recuperação nas vendas", face a 2012, concluiu.

De acordo com a associação, o saldo da balança comercial (diferença
entre importações e exportações) no sector "é de 1 para 30,
totalizando as exportações um volume de 320 milhões de litros".

Portugal ocupa o sétimo lugar na classificação europeia enquanto país
exportador de cerveja, em termos relativos, medido em função da
percentagem exportada relativa à produção do total do país.

Segundo a APPC, o sector cervejeiro incorpora no seu processo de
fabrico mais de 80% de matérias-primas (cevada para malte) e
embalagens (vidro) de origem portuguesa.

No ano passado, o sector cervejeiro consumiu 78 mil toneladas de malte
produzido em Portugal.

Responsável por cerca de 72 mil postos de trabalho directos e
indirectos, o sector representa um valor acrescentado para o produto
interno bruto (PIB) de 1,1 mil milhões de euros e gera receitas
fiscais de 984 milhões de euros, anualmente, de acordo com um estudo
da consultora Ernst&Young, divulgado em 2011.

Lusa/SOL

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=81925

Sem comentários:

Enviar um comentário