terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sector da resina ameaçado por crescimento da indústria na China e Brasil

LUSA

04/08/2013 - 17:24

Em três décadas, Portugal passou de segundo maior exportador mundial
para segundo maior importador de resina.

PAULO RICCA



O sector da resina em Portugal pode ser ameaçado "a médio prazo" pela
aposta de países como Brasil ou China na indústria transformadora,
alertam os profissionais da área, que reclamam apoios do Governo para
a criação de emprego.

"O receio é a grande dependência do mercado de importação, que pode
levar à morte da própria indústria de transformação", disse à Lusa
António Salgueiro, da comissão fundadora da primeira associação do
sector, ResiPinus – Associação de Destiladores e Exploradores de
Resina.

China e Brasil são os principais concorrentes de Portugal na extracção
de resina, mas estes países estão "a preparar-se cada vez mais para
trabalhar" o produto, industrializando-se para tal, o que a associação
encara como uma ameaça ao sector.

"Pode comprometer a médio prazo a sobrevivência desta indústria", que
representa uma extracção anual de seis mil toneladas/ano, ocupando
cerca de 600 profissionais, referiu António Salgueiro.

Há cerca de três décadas, a produção situava-se nas 140 mil toneladas,
mas a concorrência da China, que fez baixar o preço da resina, e o
abandono do sector primário fizeram decair o sector. Portugal passou
de segundo maior exportador mundial para segundo maior importador de
resina.

A segunda indústria associada à resina, que implica a produção de
derivados, como gomas, pastilhas, elásticos, perfumes ou cremes, ainda
"é das mais importantes" da Europa, enquanto a primeira indústria, de
limpeza da resina, está hoje "completamente dependente" das
importações e "muita fechou".

Uma das características da extracção da resina é ser uma actividade
que se desenvolve ao longo de nove meses, sendo o pico o verão, quando
as temperaturas mais elevadas fazem aumentar a produção de resina.

A associação propõe que os trabalhadores do sector possam ter outras
funções, nomeadamente ao nível da gestão florestal, de forma a
garantir uma ocupação permanente.

Por outro lado, os exploradores de resina reclamam apoios do Governo
para a criação de emprego e a aposta na investigação e desenvolvimento
do sector.

"Não tem sido prestada qualquer atenção ao sector. Até ao final dos
anos 80 havia em Portugal um instituto específico para a resina",
lamentou António Salgueiro.

O representante dos profissionais da resinagem afirma que se tem
verificado uma nova atenção sobre o sector nos últimos anos, em
particular no sul da Europa, até por causa das indústrias ecológicas.

O principal concorrente da resina são os derivados do petróleo, uma
opção ambientalmente mais prejudicial, enquanto a resina contribui
para a "sustentabilidade das florestas".

http://www.publico.pt/economia/noticia/sector-da-resina-ameacado-por-crescimento-da-industria-na-china-e-brasil-1602203

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