quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Tomate de Indústria - práticas culturais

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Bruno Moura

O tomate de indústria é a cultura horto-industrial que detém maior
importância económica em Portugal, sendo exportado cerca de 95% do
concentrado produzido. Por isso, na AGROMAIS, desde sempre, procurámos
promover a sua introdução junto dos nossos produtores no Ribatejo e,
mais recentemente, na promoção da cultura na área de influência do
Alqueva.

A cultura adapta-se bem a diversos tipos de solo preferindo, no
entanto, solos profundos, de textura franca ou areno-argilosa e bem
drenados. Tem uma sensibilidade moderada à salinidade. O pH entre 5.5
e 7.0 são os mais favoráveis.

É de extrema importância uma cuidada preparação do terreno de modo a
facilitar o bom desenvolvimento do sistema radicular e facilitar a
colheita mecânica. Se possível as lavouras ou subsolagens devem ser
efetuadas no Outono anterior à plantação.

Sendo uma cultura de Primavera/Verão, as plantações têm início,
geralmente, na última semana de Março e são escalonadas durante cerca
de 10 semanas, até ao início de Junho. As variedades mais produzidas
são: H9553, H9144, H9665, CXD 293 e CXD 294.

A adubação depende de vários fatores, entre os quais, produção
esperada, características do solo, precedente cultural, variedade,
entre outros. A adubação mais aconselhável será sempre efetuada com
base nos resultados das análises de terra.

O controlo das infestantes, desde o estado inicial, é absolutamente
necessário dado que a competição que se estabelece provoca atraso no
desenvolvimento do tomate, redução no rendimento e dificulta a
colheita.

O sistema de rega utilizado é a gota-a-gota. O stress hídrico devido a
excesso ou escassez de água é altamente prejudicial e provocará sempre
quebras de produção. Há problemas evitáveis se a rega for efetuada de
forma racional tais como a queda de flores, podridão apical,
bacterioses e outras doenças, escalonamento da maturação, menor
resistência ou baixo teor de brix dos frutos. As exigências hídricas
do tomate de indústria são elevadas e as fases em que a planta é mais
sensível ao défice hídrico são a floração, vingamento e engrossamento
dos frutos. Sendo a rega um fator tão crítico para a cultura, temos
tido uma adesão total dos produtores ao nosso serviço gestão da rega,
em que temos uma equipa que garante a monitorização de água no solo e
apoia os agricultores na tomada de decisão do quanto e quando devem
regar.

A colheita decorre entre o final de Julho e o início de Outubro, sendo
atualmente completamente mecanizada.

O principal objetivo do produtor de tomate para além da produção e
qualidade, deverá ser a obtenção de grau brix* o mais elevado
possível, uma vez que continua a ser o principal critério de
valorização do tomate pela indústria. Neste momento as indústrias
apontam também para outros critérios de valorização do tomate como a
"cor" e o "licopeno".

Portugal tem condições muito adequadas à produção de tomate, sendo o
8.º maior país produtor a nível mundial e o 3.º a nível europeu. É
importante referir que a recente evolução da cultura, em que se
assistiu a um crescimento de 57% da produção, foi feita com menos de
32% dos produtores de tomate que existiam em 2000, o que reflete bem o
aperfeiçoamento técnico dos produtores e da maior eficiência na
utilização de recursos.

A melhoria produtiva tem sido sempre um objetivo da assistência
técnica que prestamos aos nossos agricultores. Acreditamos que a
cultura do tomate é estratégica para a região e para o país e, por
isso mesmo, temos apostado em consolidar a parceria com produtores e
com a indústria.

Bruno Moura
Departamento Técnico da

(*) Nota do Editor:
A escala Brix (símbolo °Bx) é uma escala numérica utilizada na
indústria de alimentos para medir a quantidade aproximada de açúcares
em sumos de fruta, vinhos e na indústria de açúcar, bem como noutras
soluções. Quanto mais alto o grau Brix, maior a doçura e a qualidade.

Publicado em 18/09/2013

http://www.agroportal.pt/a/2013/bmoura.htm

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