sábado, 7 de setembro de 2013

Universidade de Aveiro garante que fumo dos incêndios tem partículas cancerígenas

Estudo do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar


O fumo proveniente dos incêndios florestais é altamente perigoso para
a saúde pública. O alerta do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar
(CESAM) da Universidade de Aveiro (UA) aponta para os malefícios da
mistura de gases e partículas emitida pelos incêndios. Estas últimas,
de natureza ultrafina, têm grande capacidade de penetração nas vias
respiratórias transportando até aos alvéolos compostos cancerígenos
como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. O estudo, conduzido
pela investigadora Célia Alves no meio das equipas de combate aos
fogos florestais, garante também que, para além dos prejuízos para a
saúde, o fumo contribui em muito para alterar o clima.

"Verificámos que 80 a 90 por cento da massa das partículas emitidas
pelos incêndios é de natureza carbonosa, englobando centenas de
compostos orgânicos distintos", aponta Célia Alves. Entre os compostos
detectados nas partículas pelo CESAM encontram-se os hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos, "de elevado potencial cancerígenos", e vários
compostos fenólicos que "têm sido associados a stress oxidativo das
células". A investigadora explica que "quando ocorre stress oxidativo
os mecanismos celulares de remoção de oxidantes fica desequilibrado e
a desintoxicação através de sistemas biológicos que removem estas
substâncias ou reparam os danos por elas causados fica comprometida".

Suspensas na atmosfera e espalhadas pelo vento por vastas áreas, o
tamanho das partículas garante-lhes uma entrada fácil nas vias
respiratórias. "As partículas emitidas apresentam diâmetros da ordem
dos nanómetros ou poucos micrómetros [um nanómetro é mil milhões de
vezes inferior a um metro e um micrómetro é um milhão de vezes
inferior ao metro]", explica Célia Alves cuja equipa chegou a
detectar, nas proximidades dos incêndios, concentrações de 50 mil
microgramas de partículas por metro cúbico de ar quando a legislação
para a qualidade do ar estipula um teto de segurança de 50 microgramas
por metro cúbico.

Para além das partículas, também os gases emitidos pelo fumo
proveniente dos incêndios florestais constituem um perigo para a
saúde, entre os quais, e "em quantidades apreciáveis", o monóxido de
carbono "conhecido pela sua elevada toxicidade". É também de referir
que os óxidos de azotos e os compostos voláteis, depois de emitidos,
reagem entre eles na atmosfera e formam um novo poluente perigoso: o
ozono, "um oxidante muito forte que ataca as vias respiratórias e
provoca danos nas culturas agrícolas".

Célia Alves adianta ainda que "o principal gás emitido pelos incêndios
é o dióxido de carbono, o qual é um dos principais gases com efeito de
estufa". As conclusões do estudo da UA apontam que grande parte da
massa das partículas é de natureza carbonosa, ou seja são constituídas
por carbono orgânico e por carbono negro. Enquanto o carbono orgânico
dispersa a radiação, o carbono negro absorve-a. Portanto, diz Célia
Alves, "estas partículas interferem com o balanço radiactivo da
atmosfera". Por outro lado, explica, "por serem tão finas, actuam na
atmosfera como núcleos de condensação de nuvens, alterando os padrões
de precipitação".

Fonte: UA

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/09/06e.htm

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