segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Empresas do setor agroalimentar apostam em parcerias em Macau para chegarem à China

As várias empresas portuguesas do setor agroalimentar que participam
na Feira Internacional de Macau, à semelhança de anos anteriores,
procuram encontrar parceiros locais que distribuam os seus produtos no
território, tendo em perspetiva a entrada no mercado chinês.

A SonaeMC marca presença, pela primeira vez, no Pavilhão de Portugal
do certame, com o "objetivo de encontrar importadores e distribuidores
alimentares que estejam interessados nos [seus] produtos",
nomeadamente "cadeias de supermercados em Macau e Hong Kong", disse à
agência Lusa o diretor de exportação, Rui Rodrigues.

A empresa não tem a intenção de vir a abrir lojas na China e está
focada em Macau, território para o qual olha como "porta de acesso"
para a China continental, apenas numa perspetiva de exportação, área
em que começou a apostar no início do ano, estando já presente em
Timor-Leste e em Cabo Verde, acrescentou.

A mesma estratégia é seguida pela Probar, que se estreia também na
Feira Internacional de Macau com vista a entrar no mercado asiático,
depois da Europa, Brasil, Angola e África do Sul, para onde já
exporta.

"Estamos a tentar conseguir meter os nossos produtos tanto em Macau
como em Hong Kong, pois na China, que é o nosso grande objetivo,
temos, para já, algumas restrições ao nível sanitário, que o Governo
português está a tentar resolver", disse à Lusa o presidente do
conselho de administração da empresa, Carlos Ruivo.

Este responsável lamenta que os produtos portugueses tenham "pouca
penetração em Macau, apesar do território ter sido administrado pelos
portugueses".

"É um bocado pena que não tenhamos feito esse trabalho quando
estávamos mais presentes", disse.

A mesma opinião é partilhada pelo diretor de exportação de várias
marcas de vinho, Paulo Gaspar, que há cerca de 17 anos promove os
néctares portugueses na Ásia, constatando que existe um "problema de
imagem de Portugal".

"Estamos a vender na China vinhos de gama alta, alguns na ordem dos 40
euros por garrafa, o trabalho para a sua implantação custa muito de
princípio porque Portugal não tem um nome como tem França, a Austrália
ou o Chile", observou.

Paulo Gaspar está este fim de semana a promover no 'stand' de Portugal
no Pavilhão dos Países de Língua Portuguesa vinho verde, do Dão,
Porto, Douro, Alentejo e Estremadura que já é exportado "regularmente
para a China há cerca de quatro anos, mas que ainda não é vendido em
Macau", onde procura agora distribuidores.

"As pessoas na China começam a reconhecer alguns vinhos portugueses,
mas não são muitos", concluiu.

Para Paulo Gaspar, a marca Portugal não tem, além-fronteiras, tanto
sucesso quando comparada com outras, devido a uma "falta de união".

"A Austrália e o Chile começaram há 15 anos e neste momento são
conhecidos e reconhecidos em todo o mundo. Nós, que andamos nisto há
2.500 anos, ninguém nos conhece, porque fazemos sempre tudo sozinhos,
com muita mesquinhez, com medo que o parceiro do lado saiba a quem é
que vendemos ou compramos, isto não nos tem ajudado. Temos de começar
pela base e a base é a união", defendeu.

Eduardo Pinto e Paulo Tolda, que partilham o 'stand' com Paulo Gaspar,
representam a Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, a única com
presença na Feira Internacional de Macau, pela segunda vez, para
ajudar a vender os produtos da região, nomeadamente o vinho de 14
produtores e o azeite de outros dois.

"Somos o concelho que é o maior produtor de vinho do Porto do país,
temos cada vez mais pequenos produtores e tentamos ajudá-los, porque
não têm capacidade para virem a estas feiras", explicou Paulo Tolda,
secundado por Eduardo Pinto, que salientou o facto de a autarquia
apostar em "Macau como a porta de entrada para a China".

A 18.ª Feira Internacional de Macau, que decorre até domingo no resort
The Venetian, dedicada ao tema "Cooperação - Chave para oportunidades
de negócio", conta com a participação de mais de 80 empresas
portuguesas dos setores do agroalimentar, imobiliário, construção,
energia, recursos naturais, indústrias criativas, banca, entre outros.

PNE/DM // ATR

Lusa/Fim

http://noticias.sapo.pt/internacional/artigo/empresas-do-setor-agroalimentar-apostam-em-parcerias-em-macau-para-chegarem-a-china_16807788.html

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