sábado, 23 de novembro de 2013

Adega gigante com 3700 anos descoberta em Israel

NICOLAU FERREIRA

22/11/2013 - 15:32

Encontradas 40 vasilhas numa adega de uma antiga cidade cananeia.
Análises mostram que vinho tinha ainda mel, menta, paus de canela,
bagas de zimbro e resinas.

As vasilhas desenterradas
ERIC CLINE

Uma enorme adega com 33,75 metros quadrados foi descoberta no local de
Tel Kabri, uma ruína arqueológica com 30 hectares pertencente a uma
antiga cidade cananeia, no Norte de Israel. Os arqueólogos
desenterraram 40 vasilhas, cada uma com uma capacidade de 50 litros,
de 1700 anos antes de Cristo. O achado é anunciado nesta sexta-feira,
na reunião anual da organização American Schools of Oriental Research,
em Baltimore, nos Estados Unidos.

"Isto é uma descoberta significativa de enorme dimensão – é uma adega
que, tanto quanto sabemos, é largamente inigualável em dimensão e em
idade", defende Eric Cline, co-director da escavação, da Universidade
de George Washington, nos Estados Unidos.

Os investigadores estavam a escavar numa residência palaciana numa
antiga cidade cananeia, cujos vestígios arqueológicos se situam hoje
perto da cidade israelita de Nahariya. Esta região foi colonizada pela
primeira vez há 16.000 anos. A cidade cananeia – uma denominação mais
geográfica do que étnica associada às cidades existentes na região que
hoje abrange Israel, o Líbano e partes da Jordânia e da Síria – é da
Idade do Bronze, e esteve activa entre os anos 2000 a.C. e 1550 a.C.

A equipa de arqueólogos começou por desenterrar uma vasilha, a que
acabou por chamar Bessie. "Escavámos, escavámos e, de repente,
começaram a aparecer as amigas da Bessie – cinco, dez, 15... No final,
eram 40 vasilhas acumuladas numa adega com uma área de 4,5 por 7,5
metros", diz Eric Cline. Segundo as contas dos investigadores, o
volume total de vinho guardado nestas vasilhas seria de 2000 litros, o
equivalente a 3000 garrafas de vinho.

"A adega estava localizada perto de um salão onde se realizavam
banquetes, um local onde a elite de Tel Kabri e, possivelmente,
convidados estrangeiros consumiam carne de cabra e vinho", diz, por
sua vez, Assaf Yasur-Landau, o outro director da escavação, da
Universidade de Haifa, em Israel. "A adega e o salão foram destruídos
todos ao mesmo tempo, durante o mesmo fenómeno, talvez um sismo, que
cobriu as salas com tijolos de barro e gesso."

Os investigadores fizeram uma análise à composição do líquido guardado
nas vasilhas. Além de ácido tartárico e ácido siríngico, dois
componentes importantes do vinho, os investigadores encontraram
vestígios de ingredientes que eram populares nos vinhos daquela
altura: mel, menta, pau de canela, bagas de zimbro e resina. Os
investigadores querem analisar melhor a composição deste vinho para
tentar reproduzi-lo.

http://www.publico.pt/ciencia/noticia/adega-gigante-com-3700-anos-descoberta-em-israel-1613557#/0

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