domingo, 10 de novembro de 2013

Agricultura ativista e sustentável

Como ter sucesso na Agricultura (VII)



Na Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo, Alfredo Cunhal
Sendim pratica, há 23 anos, uma agricultura zen e biológica, fazendo
frente à lógica imediatista da produção atual e da grande
distribuição. A sustentabilidade é o seu objetivo. Uma das dez
histórias de sucesso no mundo agrícola, contada pela revista Exame, na
edição passada.
Joana Madeira Pereira
11:48 Quarta feira, 30 de outubro de 2013
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Na Herdade de Alfredo Cunhal Sendim, a paisagem ainda permanece a
mesma do Alentejo de sempre - cada vez mais diferente daquela que tem
vindo a ganhar terreno, nos últimos anos, na restante região. Ao invés
dos campos carregados de olivais e de milho, sempre cultivado em modo
intensivo, com as plantações geométricas e uniformizadas, na Herdade
do Freixo do Meio ainda se vê muita terra dourada, oliveiras antigas
dispersas. Do meio do milharal, despontam girassóis e, a seus pés,
cresce feijão e lentilhas, entre outras culturas.

"Sempre tive um sentimento de estranheza nesses sítios onde tudo é
igual. A terra nunca foi assim, tem de haver comunicantes entre todas
as culturas", explica Alfredo Cunhal Sendim, que há 23 anos vive
nestas terras.

Quando recuperou as terras que a família havia perdido no tempo da
Reforma Agrária, no início da década de 1990, decidiu, em concertação
com os familiares, voltar à lógica do montado de sobro e de azinho,
que promovem a estabilidade dos agroecossistemas e permitem manter a
grande diversidade biológica do meio.

Destes terrenos, saem todos os produtos que estão na dieta
mediterrânica. Há de tudo: vinha, olival, hortícolas, cereais,
cogumelos selvagens, perus, porcos pretos, borregos. Há ainda lagar e
um centro de transformação de carne em modo biológico.

Os produtos são escoadas peças lojas próprias da Herdade do Freixo do
Meio (uma na própria herdade; outra em Lisboa, no Mercado da Ribeira)
e mais meia dúzia de pontos de venda no país. Meio milhão de euros é
quanto vale este negócio.

"Este projeto começa com uma lógica de responsabilidade: dar trabalho
à gente daqui. Por outro lado, quisemos deixar um modo de produção,
intensivo, que estava a esgotar as terras. Não acredito no modelo
capitalista de exploração da terra. É como se ela estivesse ligada a
uma máquina. Um dia, para", avisa Alfredo Cunhal Sendim.

Saiba mais sobre o potencial dos negócios agrícolas em Portugal na
edição em iPad da Exame.

http://expresso.sapo.pt/agricultura-ativista-e-sustentavel=f836836

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