domingo, 10 de novembro de 2013

Cabo Verde prestes a atingir autonomia agrícola alimentar

Publicado a 08 NOV 13 às 16:32

Cabo Verde está prestes a conseguir a autonomia agrícola alimentar e
isso deve-se à exploração de recursos internos mas também à compra de
terras no estrangeiro, a começar pelo Paraguai.

A República de Cabo Verde, arquipélago marcado pela aridez dos seus
solos, está em vias de conseguir atingir a autonomia agrícola
alimentar. E não se trata de nenhum milagre da multiplicação dos pães,
mas tão só o resultado de uma estratégia integrada de exploração de
recursos internos e externos, cujos resultados começam agora a ser
visíveis, e que tem o seu foco na produção de milho em terras
compradas na década de oitenta no Paraguai pelo Governo cabo-verdiano.

Na próxima semana, a partir de quarta-feira, a Cidade da Praia acolhe
o IV Simpósio de Segurança Alimentar e Nutricional e Desenvolvimento
Sustentável (SANDS) da comunidade lusófona, onde serão debatidas as
grandes questões sobre os problemas da segurança alimentar e
nutricional. Entre outros temas, a experiência cabo-verdiana e as
políticas que têm sido seguidas pelo executivo estarão em cima da
mesa.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Rural, estão já confirmadas no
seminário as presenças dos ministros da agricultura e pescas de São
Tomé e Príncipe e de Timor-Leste, bem como o secretário de Estado da
Alimentação e da Investigação Agroalimentar português e o secretário
de Estado da Agricultura angolano, para além do secretário executivo
da Comunidade dos países de Língua Portuguesa, o embaixador Murade
Murargy. Para além dos representantes políticos dos diversos países
lusófonos, participam ainda neste debate alargado diversos
especialistas nas diferentes áreas de segurança alimentar, organismos
internacionais, investigadores, empreendedores e organizações da
sociedade civil ligadas a estas problemáticas.

O IV Simpósio da SANDS procura pôr a ciência e o conhecimento ao
serviço da resolução de problemas concretos, numa «dinâmica pró-ativa»
de investigação, pesquisa e desenvolvimento, proporcionando uma
«oportunidade ímpar» de colocar as autoridades governamentais da CPLP
em contacto com a realidade do arquipélago e os principais desafios e
oportunidades, refere um documento da organização divulgado pela
agência de notícias de Cabo Verde.

Milho produzido no Paraguai em terras compradas por Cabo Verde

Muito brevemente começarão a chegar ao país os primeiros carregamentos
de milho produzido no Paraguai em terras compradas pelo governo
cabo-verdiano em 1985. «Podemos dizer que Cabo Verde pode assegurar a
sua segurança alimentar, que vamos poder garanti-la, não só com a
produção interna, como a que vem de fora, para podermos abastecer o
mercado nacional», anunciou a ministra do Desenvolvimento Rural, Eva
Ortet.

Segundo a ministra, quer as novas barragens (quatro já construídas,
outras tantas em construção e mais nove a construir até 2017), quer a
produção no Paraguai, vão gerar uma «reviravolta», que permitirá,
paralelamente, abastecer a pecuária. «Somos ousados e já podemos dizer
que vamos garantir a sustentabilidade da alimentação em Cabo Verde»,
sublinhou.

Por seu turno, o primeiro-ministro José Maria Neves anunciou que os
silos no complexo agrícola paraguaio estão prontos e o Conselho de
Ministros já aprovou o contrato de convenção de estabelecimento entre
o Governo e a empresa Ilha Verde, que produz em grandes extensões no
Paraguai e que vai garantir a soberania alimentar, como a
transformação dos produtos agrícolas em grande escala em Cabo Verde.
«Estamos a fazer aqui uma autêntica revolução em termos de produção
agrícola, sobretudo de cereais", disse o chefe do Governo.

Paralelamente, e em colaboração direta com a ONU, o Governo está a
trabalhar numa estratégia de combate à desertificação no arquipélago,
para evitar a falta de água e a erosão dos solos. Em declarações aos
jornalistas, a coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas,
Richardson-Golinski reconheceu que «que o combate à desertificação tem
sido muito importante para Cabo Verde. O arquipélago está a conseguir
mobilizar água e combater a erosão dos solos. Há bases muito
importantes na reflorestação, na mobilização de água e na prevenção da
erosão».

Manuel Teixeira, com agências

http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=3522759&page=-1

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