sábado, 2 de novembro de 2013

Castanhas "dão dinheiro" e compensam viagem de avião

Catanha, o ouro da Padrela


Emigrantes portugueses regressam às aldeias transmontanas para a
apanha da castanha. "Se não desse, não vínhamos", garante um emigrante
em França.
30-10-2013 8:54 por Olímpia Mairosão de castanha

São cada vez mais os emigrantes portugueses a tirar férias nesta época
do ano, para vir à terra apanhar as castanhas.

Em Rio Bom, no concelho de Valpaços, a presença dos emigrantes é
facilmente notada pelas matrículas dos carros estacionados nas ruas.
Mas há quem tenha optado pelo avião. É o caso de António Carlos. Veio
do Rio de Janeiro, Brasil, com a esposa, para apanhar as castanhas da
família, tarefa que reparte com a cunhada, também emigrante.

"Eu tiro férias nesta época porque tenho de apanhar as castanhas que
eram dos meus sogros. É assim! De dois em dois anos, vimos aqui - um
ano vem a minha cunhada, outro ano vem a gente", refere à Renascença o
emigrante.

António Carlos é dentista e a esposa engenheira. Nem um nem outro
percebem de agricultura, mas querem manter a herança e a tradição.
Não estão habituados ao frio da serra nem às picadelas dos ouriços,
por isso contratam trabalhadores.

O fruto de Outono é rentável. Apesar das despesas, incluindo as
passagens de avião, o emigrante não tem dúvidas em afirmar que
"compensa vir aqui, com este frio, apanhar a castanha. Além disso, é
uma forma de mantermos a propriedade, já que foi uma lembrança de
família".

Alfredo Alves veio de França com a esposa. Vieram para apanhar a
"meia-dúzia" de castanhas que têm por Trás-os-Montes. Asseguram que o
que gastam nas viagens não traz prejuízo. "Se não desse, não
vínhamos", garante.

Dodelina Pereira também está em Rio Bom para apanhar as castanhas. O
trabalho é árduo, à chuva e ao frio, mas compensa. "Temos amor por
isto, gostamos do nosso país, vimos visitar e aproveitamos para
apanhar as castanhas".

Em relação à quantidade, Dodelina Pereira é realista e diz que "vai
haver um bocadinho delas, mas não se sabe. Nos castanheiros estão
bonitas, mas ao caírem é que se vê".

Menos quantidade, mas boa qualidade
Na área da denominação de origem protegida (DOP) da Padrela espera-se
uma "produção menor do que a do ano passado". "Devido ao Verão seco,
as quebras podem chegar aos 30%", refere à Renascença o técnico da
Associação Regional dos Agricultores das Terras de Montenegro, Filipe
Pereira, em Carrazedo de Montenegro, concelho de Valpaços.

A Serra da Padrela e as zonas envolventes são um dos principais
centros de produção de castanha de Portugal, onde se pode encontrar a
maior mancha contínua de castanheiros de toda a Península Ibérica.

A região estima produzir este ano entre oito e 10 mil toneladas, o que
representa um volume de negócios "na ordem dos 20 milhões de euros"
para as cerca de 1.500 famílias que se dedicam a esta produção, que se
"tem vendido muito bem nos últimos anos".

José Santos estima colher este ano entre cinco a seis mil quilos de
castanha. "Não é que haja uma grande, grande quantidade, só que a
castanha é muito boa. Não é bichosa, não é rachada. É um ano
espectacular para a castanha", refere o produtor.

O preço da castanha judia, variedade predominante na Padrela, "está
excelente, principalmente para o agricultor". "Estamos a pagar a 2,20
ou 2,30 euros por quilo, tal como vem do souto", refere Alcídeo
Taveira, da Agromontenegro.

De Trás-os-Montes para o mundo
Grande parte da castanha produzida em Trás-os-Montes tem como destino
o mercado externo. "Principalmente para Itália, Brasil, França e
Espanha", refere à RenascençaAlcídeo Taveira, sócio da Agromontenegro,
empresa especializada na embalagem de castanhas com sede em Rio Bom.
Destaca que "o fruto de Outono é cada vez mais procurado e tem muito
futuro".

A exportação de castanha é também a grande aposta da AgroAguiar,
empresa especializada na transformação e embalagem de castanhas, em
Sabroso, no concelho de Vila Pouca de Aguiar. "Estimamos vender entre
as três mil e as quatro mil toneladas, o que representa um volume de
negócios acima dos cinco milhões de euros", refere Rodrigo Reis.

A empresa adquire o produto essencialmente em Trás-os-Montes e
coloca-o no mercado externo. "O nosso desígnio é levar Trás-os-Montes
a todo o mundo", explica Rodrigo Reis, avançando que estão a exportar
para Itália, França, Alemanha, Suíça, Brasil e Estados Unidos da
América. "Somos uma empresa assumidamente exportadora, nós exportamos
do nosso volume de negócios 75%, o que é muito significativo", realça
o empresário.

Esta empresa vende castanha em fresco, pelada congelada, assada
congelada e produtos gourmet de castanha como 'Marron glacés', compota
de castanha e castanha em calda doce.

A região transmontana concentra a maior parte da produção de castanha
do país, possuindo cerca de 30 mil dos 35 mil hectares de área de
souto existentes em Portugal.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=127518

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