segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Falta de água pode agravar-se nas próximas décadas

Publicado às 08.53

A gestão de água coloca problemas que podem agravar-se nas próximas
décadas, principalmente na agricultura, energia ou ambiente, afirmou,
esta segunda-feira, o especialista Luís Veiga da Cunha que refere a
possível necessidade de um sistema de governança mundial do recurso.


foto JOSÉ CARMO/GLOBAL IMAGENS
Luís Veiga da Cunha


"Tudo isto é um sistema interligado que exige uma análise
interdisciplinar, intersetorial e inter regional e formas diferentes
de olhar para estes problemas no futuro. As coisas podem complicar-se
não daqui a mil anos ou 100 anos, mas nas próximas décadas", disse o
coordenador do Gulbenkian Think Tank sobre a água e o futuro da
humanidade.

Luís Veiga da Cunha falava à agência Lusa a propósito do livro "Água e
o Futuro da Humanidade", resultado do trabalho dos 11 especialistas
internacionais que integram o Think Tank e têm a tarefa de refletir
sobre o papel da água e o desafio que a sua disponibilidade e gestão
colocam até 2050.

Para o especialista, "a tomada de consciência destes problemas é
importante, mas também é necessário que se arranje qualquer sistema de
governança da água a nível mundial, o que é extremamente difícil dadas
as diferenças nacionais, de preocupações e interesses, que são muitas
vezes contraditórios".

O livro, que será lançado na terça-feira, analisa vários aspetos das
relações da água com setores como a energia, agricultura, ambiente ou
alterações climáticas, com o objetivo de avaliar em que medida este
recurso pode vir a constituir um problema "muito condicionante" do
desenvolvimento da atividade humana no futuro.

A água é um recurso natural que não é inesgotável, é duradouro, mas
renovável apenas em proporções limitadas.

Com o crescimento da população, da atividade económica e o
desenvolvimento dos países, sobretudo os emergentes, os consumos
aumentam, não tanto os diretos, relativos à alimentação e utilizações
domésticas, mas mais os indiretos, relacionados com a utilização para
a obtenção de produtos.

"Neste momento, já há irregularidades significativas na distribuição
tanto da procura como das disponibilidades regionais de água",
recorda.

"Diria que a agricultura e a energia são dois setores muito
importantes. Outro é o ambiente, [pois] a quantidade de água consumida
e a sua qualidade tem muito a ver com a saúde dos ecossistemas e estes
prestam à humanidade muitos serviços relacionados com a água", apontou
Veiga da Cunha.

No entanto, a agricultura "é de longe" o setor mais consumidor e, em
média, 70% do consumo de água mundial é relacionado com a obtenção de
produtos agrícolas, chegando a 85 ou 90% em alguns países.

Para Veiga da Cunha, é um dos setores a olhar com maior atenção para
melhorar a eficiência, reduzindo os desperdícios.

"Desde o cultivo dos produtos até eles chegarem à nossa mesa, há
desperdícios muito grandes que podem atingir valores quase da ordem de
50%", alertou.

O especialista falou ainda sobre as preocupações com as alterações
climáticas que afetam de forma diferente várias regiões do globo e, em
muitos casos, determinam uma diminuição da disponibilidade de água e
um aumento da sua procura, sobretudo em regiões já atualmente mais
desfavorecidas.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3538635&utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook&page=-1

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