sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Filhos do Auroque: viagem pelas raças Portuguesas de bovinos

Capa do livro «Filhos do auroque: viagem pelas raças Portuguesas de bovinos»

No início, eram feras. Bestas possantes, de cornos afiados e uma força
assustadora. A sua figura foi gravada, pelo homem pré-histórico, nas
grutas de toda a Europa e, até, nas rochas do Vale do Côa. Os auroques
viviam em manadas e semeavam o terror entre as gentes primitivas.
Nesses tempos, muitos acreditavam que a sua força descomunal só podia
ter uma origem divina.

Eram adorados e temidos, mas quando transformados em comida matavam a
fome a todo o clã, por várias luas.

Quando o homem descobriu a agricultura e começou a construir povoados,
novos animais começaram a fazer parte da paisagem modificada. O
temível auroque esteve entre as primeiras espécies a serem
domesticadas - e deu origem aos bovinos que hoje conhecemos. Perdeu
envergadura e ferocidade. Foi amansado. Mas, graças a esse lento
processo, ganhou renovada importância junto do homem. Além da carne,
da pele e dos cornos, passou a fornecer também leite e força de
tracção.

E continuou a estar presente em todo o tipo de festividades lúdicas,
de que as largadas de touros são um exemplo remanescente.

Durante incontáveis gerações, as raças autóctones de bovinos foram
companheiras inseparáveis das gentes rurais.

Ajudaram a amanhar os campos, a lavrar e a semear, a transportar os
produtos para os mercados, a puxar as redes de pesca. As raças
autóctones que ainda sobrevivem nas planícies e montanhas portuguesas
são testemunhos vivos de uma herança natural e rural única. Algumas
estão em perigo de extinção, outras apresentam boas perspectivas de
futuro. Mas todas fazem parte da nossa cultura, dos nossos costumes,
da nossa História.

É esse mundo que nos é desvendado neste livro de Paulo Caetano - um
autor que se tem dedicado às temáticas ligadas ao mundo rural e à
conservação da natureza. Esta obra conta, ainda, com a participação de
Catarina Ginja, uma investigadora que está a desenvolver os seus
estudos de pós-doutoramento com uma bolsa Marie Curie e é amplamente
ilustrada pelas fotografias de Joaquim Pedro Ferreira.

Os bovinos portugueses não cessam de nos surpreender. O regresso do
grande auroque pode estar para breve, graças a um ambicioso e
controverso projecto científico europeu. E, quando isso suceder, um
dos contributos genéticos mais importantes será de uma das nossas
raças autóctones.

Fonte: autor

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/21.htm

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