quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Governo apoia quatro concelhos transmontanos após grande incêndio do Verão

Candidaturas para financiar acções de estabilização de emergência
abrem na próxima semana. Agricultores e pastores temem o futuro: não
houve amêndoa para colher, as oliveiras estão sem azeitona e os
animais não têm pasto.
11-11-2013 9:00 por Olímpia Mairos

O Governo vai apoiar as acções de estabilização das áreas destruídas
pelo grande incêndio de Picões, em Alfândega da Fé. Vão abrir as
candidaturas ainda este mês para algumas ajudas nas zonas afectadas
pelo grande incêndio que deflagrou em Alfândega da Fé, no início de
Julho, e se estendeu a outros concelhos da zona do Baixo Sabor.

As candidaturas são no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural
(PRODER), "nomeadamente a uma medida que se destina a financiar as
acções de estabilização de emergência", refere o secretário de Estado
das Florestas, Francisco Gomes da Silva, adiantando que "serão
ilegíveis dentro das freguesias identificadas todas as despesas
efectuadas desde a data do incêndio".

As intervenções necessárias nesta fase, adianta Francisco Gomes da
Silva, têm a ver com acções de estabilização de emergência e as
condições do terreno, "a minimização dos efeitos da erosão e a
protecção das linhas de água".

"Todas as outras acções de apoio à reflorestação dessas áreas que
venham a ocorrer, poderão vir a ser apoiadas por medidas no âmbito do
próximo quadro comunitário de apoio disponíveis para os produtores
florestais", explica ainda.

Sem culturas e sem pastos para os animais
Quatro meses após o grande incêndio de Picões, em Alfândega da Fé, que
se estendeu a Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo,
agricultores e pastores continuam a fazer contas à vida.

As chamas deixaram marcas profundas em amendoais, olivais e áreas de
pasto, agravadas agora pela erosão dos terrenos. António Cordeiro
perdeu 10 hectares de culturas, sobretudo amendoal e olival. "Já
deveríamos estar a negociar a amêndoa, mas o fogo não deixou nenhuma.
Está tudo destruído", refere à Renascença.

Este agricultor, da aldeia de Meirinhos, espera agora que o Governo
possa dar alguma ajuda "para refazer a vida". "Espero que me dêem
algum dinheiro para plantar, porque só daqui a 15 ou 16 anos é que
começarei a ter alguma produção destas árvores ardidas. Outras vão
embora, nunca mais voltam", lamenta.

O olival e o amendoal são as culturas predominantes na região e
representam cerca de 18% da área ardida. Luís Fernandes, presidente da
Junta de Freguesia de Meirinhos, uma das localidades mais afectadas
pelas chamas, fala em "perdas irreparáveis" para os agricultores.

"Há um forte sentimento de perda. O lucro da amêndoa já não se viu e o
mesmo vai acontecer com o olival", refere o autarca, salientando que
"a produção de azeitona de conserva, a negrinha de Feixo, ficou
reduzida a um terço, numa área de forte implantação do fruto, e a
azeitona para azeite vai pelo mesmo caminho", frisa.

Às perdas nas culturas agrícolas acresce a falta de pastos para os animais.

Paulo Macário é pastor. Costuma pastorear as suas cabras entre
Meirinhos e as Quintas das Quebradas, em Mogadouro. A tarefa que não
tem sido fácil, uma vez que, por onde as chamas passaram, "há pouco
locais onde a erva cresça", descreve à Renascença.

"O pasto está todo queimado. Ficámos sem nada para os animais
comerem", lamenta, frisando que "este inverno é preciso comprar
alimentos para o gado. Quem tem dinheiro compra, quem não tem, não sei
como vai fazer".

O incêndio de Julho, considerado o maior incêndio do verão passado,
consumiu uma área estimada em 14.912 hectares de terreno, dos quais
11.980 em espaços florestais e agrícolas, afectando localidades dos
concelhos de Alfândega da Fé, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e
Torre de Moncorvo. O concelho de Mogadouro "foi o mais afectado pelas
chamas", tendo ardido 6.850 hectares de florestas e diversas culturas
agrícolas.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=128823

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