sexta-feira, 22 de novembro de 2013

INE: Boas perspectivas para olival e milho

As previsões agrícolas do INE, a 31 de Outubro, apontam para um
aumento considerável do rendimento unitário dos olivais para azeite
(+40%) e para azeitona de mesa (+25%), face ao ano anterior. Também no
milho as perspectivas são animadoras, prevendo-se uma campanha muito
produtiva, que deverá ultrapassar as 900 mil toneladas, o que já não
ocorria desde 2001. Nos pomares de maçã e pêra prevêem-se aumentos de
produção (+30% e +75%, respectivamente), tal como nos soutos de
castanheiros (+20%), bastante beneficiados com a precipitação de
Setembro. No sentido inverso, as searas de arroz revelaram-se menos
produtivas (-10%), e as de tomate foram bastante afectadas pelas
condições climatéricas adversas, tendo a produção diminuído 20%. O
kiwi, com uma fraca polinização e problemas fitossanitários graves,
previsivelmente sofrerá uma redução na produção de 10%, enquanto a
amêndoa deverá registar uma das piores campanhas das últimas décadas
(-40%). Na produção vitivinícola as previsões apontam para uma
manutenção da produção, com alguma diminuição da qualidade dos mostos
obtidos nas vindimas após as chuvas do princípio do mês.

O mês de Outubro caracterizou-se, em termos meteorológicos, por
valores de temperatura e precipitação superiores ao normal. A
precipitação, intensa e persistente, acompanhada por ventos fortes,
concentrou-se principalmente no início do mês e entre os dias 20 e 25,
em especial nas regiões do Norte e Centro.

Estas condições, apesar de favoráveis para algumas culturas,
nomeadamente por terem elevado o teor de humidade do solo,
constituíram um factor de perturbação na realização dos trabalhos
habituais para época, atrasando as colheitas das culturas de
primavera/verão (milho, tomate e arroz), as vindimas (com
consequências qualitativas não despicientes) e a preparação dos solos
para a instalação de novas culturas.

Prados, pastagens e culturas forrageiras beneficiam com as
precipitações e temperaturas amenas

Os prados, pastagens e culturas forrageiras apresentam o aspecto
vegetativo normal para a época. As precipitações do final de Setembro
e as temperaturas amenas ao longo de Outubro criaram condições
favoráveis à germinação e a um bom desenvolvimento vegetativo de ervas
espontâneas e das forragens já semeadas, observando-se já abundantes
disponibilidades de matéria verde para o pastoreio dos pequenos
ruminantes. Apesar disso, a alimentação dos efectivos continua a
recorrer a palhas, fenos e silagens, em quantidades dentro dos
parâmetros normais, estando a utilização de rações industriais quase
exclusivamente limitada aos arraçoamentos na pecuária de leite e de
engorda intensiva.

Olival com boas perspectivas

Nos olivais a floração foi abundante e decorreu sem problemas, pelo
que as árvores apresentam uma carga de frutos bastante razoável, muito
superior à registada no ano anterior. Prevê-se um aumento do
rendimento unitário de 40% na azeitona para azeite e de 25% na
azeitona de mesa, face a 2012, o que a confirmar-se posicionará a
campanha de 2013 como uma das melhores das duas últimas décadas.

De um modo geral a azeitona ainda se encontra muito verde, com um
atraso na maturação de cerca de duas semanas. As chuvas do final de
Setembro e de Outubro e o aumento da humidade relativa, apesar de
terem contribuído para engrossar a azeitona, criaram condições
propícias para o desenvolvimento de pragas e doenças, situação que
poderá afectar a qualidade da azeitona.

Aumento de área cultivada impulsiona produção de milho

A colheita dos milhos de regadio iniciou-se com atraso face ao normal,
e tem decorrido com algumas dificuldades, resultantes sobretudo do
estado de encharcamento dos terrenos onde se encontram instalados,
obrigando em muitos casos à utilização de rastos nas
ceifeiras-debulhadoras. As colheitas efectuadas antes das chuvadas e
dos ventos fortes deste mês apresentaram produtividades superiores às
alcançadas na campanha passada. No entanto, estas condições
climatéricas poderão ter contribuído para a diminuição global do
rendimento unitário, dado que originaram a quebra de muitas plantas,
dificultando ou impossibilitando a colheita das espigas. Assim,
prevê-se que a produtividade se mantenha ao nível de 2012, o que
conduzirá a um aumento de produção de 10%, em resultado exclusivamente
do aumento da área semeada. Nos milhos de sequeiro, a produção deverá
registar um aumento de 5% face a 2012.

A produção total de milho prevista (932 mil toneladas) é uma das
maiores das últimas décadas, apenas superada pela produção de 1998
(981 mil toneladas, mas com uma área 2/3 superior à actualmente
cultivada).

Em termos de comercialização, a atenção do sector mantém-se centrada
na volatilidade do preço deste cereal nos mercados internacionais, que
no período de um ano baixou cerca de 45%.

Quanto ao arroz, a colheita também se encontra atrasada e a decorrer
com dificuldades, em terrenos muito encharcados. A acama, provocada
pela chuva e ventos fortes, conduziu à perda de produção, quer por
desgranação, quer por germinação na espiga. Desta forma, prevê-se uma
redução da produção na ordem dos 10% face à anterior campanha, que
deverá rondar as 168 mil toneladas, valor próximo da média do último
quinquénio.

Campanha adversa com reflexos na produção no tomate para a indústria

Após um período de plantação atribulado, com a chuva de final de
primavera a atrasar a instalação das culturas, as elevadas amplitudes
térmicas registadas pela altura da floração/vingamento foram
responsáveis por situações de grande heterogeneidade na maturação dos
frutos, conduzindo a uma percentagem de desperdício superior ao
normal. A chuva no final de Setembro/princípio de Outubro provocou o
apodrecimento de muito tomate que ainda se encontrava por colher. Em
termos globais, prevê-se uma redução de 20% na produção, face a 2012,
com uma qualidade média inferior.

Quanto ao girassol, prevê-se um aumento de 10% da produção, quando
comparada com a campanha anterior.

Maçã e pêra com produções acima da média

Com a conclusão da colheita da maioria das variedades tardias,
confirmam-se os aumentos previstos de produção de maçã, na ordem dos
30%, face a 2012 (ano muito afectado pelas condições de seca extrema,
principalmente no interior Norte), posicionando esta campanha como uma
das melhores da última década. Apesar da qualidade estar, de um modo
geral, dentro dos padrões normais, com desenvolvimento regular da cor,
observa-se uma elevada percentagem de maçã de baixo calibre.

No que diz respeito à pêra, as boas condições climatéricas na floração
e vingamento promoveram um grande número de frutos. No entanto, as
baixas temperaturas que se seguiram, conjugadas com a elevada
precipitação ao longo do desenvolvimento vegetativo e com os picos de
temperatura extrema em fases adiantadas do ciclo, originaram uma
multiplicação celular irregular, pelo que as árvores apresentaram
frutos de calibre muito heterogéneo. A produção total prevista é muito
superior (+75%) à da campanha anterior, com uma qualidade boa, grau
brix elevado e concentração de carepa normal.

Já o pêssego, tal como as outras prunóideas, foi bastante afectado
pelas condições climatéricas adversas ocorridas na fase da
floração/polinização, que fizeram cair muita flor e reduziram o número
de frutos vingados. Prevê-se que a produção alcance as 23 mil
toneladas (-25%, face a 2012).

Má polinização e acidentes fitossanitários condicionam produção de kiwi

A diminuição das temperaturas e a ocorrência de precipitação nas
principais zonas produtoras de kiwi (Entre Douro e Minho e Beira
Litoral) beneficiaram o desenvolvimento dos frutos, nomeadamente ao
nível do calibre. No entanto, estas contribuições não foram
suficientes para mitigar as quebras resultantes de uma fraca
floração/polinização e da propagação da Pseudomonas syringae pv
actinidiae, bactéria e agente causal da doença designada vulgarmente
por PSA ou "cancro bacteriano do kiwi", pelo que se prevê uma redução
na produção (-10%, face a 2012), que ficará abaixo das 20 mil
toneladas pela primeira vez nos últimos cinco anos.

Produção de frutos de casca rija: castanha aumenta, amêndoa diminui

As condições climatéricas desfavoráveis por altura da floração e
vingamento dos frutos, aliadas ao envelhecimento e degradação das
condições de muitos amendoais, contribuíram para que a actual campanha
de produção de amêndoa seja, previsivelmente, a pior das últimas duas
décadas, com apenas 4 mil toneladas (-40% face a 2012).

Em sentido oposto, a ocorrência de precipitação no final de Setembro
nas principais zonas produtoras de castanha em Trás-os-Montes foi
determinante para o normal desenvolvimento destes frutos, prevendo-se
um aumento global de produção de 20% face ao ano anterior.

Campanha vitivinícola com níveis de produção semelhantes aos de 2012

Em muitas regiões vitivinícolas, o tempo seco das primeiras semanas de
Setembro proporcionou alguma recuperação no atraso de cerca de 2
semanas que as vinhas apresentavam desde as fases iniciais de
desenvolvimento, tendo-se iniciado as vindimas com graus alcoólicos
elevados. No entanto, a ocorrência de chuva na última semana de
Setembro e princípios de Outubro, sendo benéfica em termos de
rendimento, afectou o grau alcoólico e comprometeu o estado sanitário
de algumas vindimas, nomeadamente com o aparecimento de podridões.
Prevê-se a manutenção da produção face à vindima anterior.

Fonte: INE

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/11/20k.htm

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