terça-feira, 17 de dezembro de 2013

FAO alerta que 70% das doenças humanas recentes têm origem animal

Lusa16 Dez, 2013, 16:40 / atualizado em 16 Dez, 2013, 16:40

Setenta por cento das doenças humanas que apareceram nas últimas
décadas são de origem animal e devem-se em parte à procura de
alimentos de proveniência animal, conclui a FAO, que defende uma
abordagem diferente a estas ameaças.

Num relatório hoje publicado, a agência da ONU para a Alimentação e a
Agricultura diz que é necessária uma abordagem mais `holística` para a
gestão das ameaças relacionadas com doenças na ligação entre animais,
humanos e ambiente.

"O aumento da população, a expansão agrícola e a existência de cada
vez mais cadeias de abastecimento alimentar globais alteraram
dramaticamente a forma como as doenças emergem, como passam de uma
espécie para outra e como se espalham", alerta o relatório, intitulado
"World Livestock 2013: Changing Disease Landscapes".

O diretor-geral adjunto da FAO para a Agricultura e a Proteção do
Consumidor, Ren Wang, escreve no prefácio do documento que a contínua
expansão dos terrenos agrícolas, a par de uma explosão mundial da
produção de gado, significa que "os animais de criação e os animais
selvagens estão cada vez mais em contacto uns com os outros" e os
próprios humanos estão "mais em contacto com animais do que nunca".

"O que isto significa é que não podemos lidar com a saúde humana, a
saúde animal e a saúde dos ecossistemas isoladamente - temos de olhar
para elas juntas, e abordar as causas do aparecimento das doenças, a
sua persistência e a sua expansão, em vez de nos limitarmos a
combatê-las depois de aparecerem", diz.

Segundo o relatório da FAO, a maioria das doenças infeciosas que
apareceram em humanos desde a década de 1940 terão origem em animais
saudáveis.

É provável, exemplifica a organização, que o vírus da Síndroma
Respiratória Aguda Severa (SARS) nos humanos tenha sido inicialmente
transmitido por morcegos a civetas, tendo passado destas para humanos
através de mercados de animais.

Em outros casos, acontece o oposto, e o gado transmite doenças a
animais selvagens, afetando a saúde na natureza.

Por outro, a mobilidade humana é maior do que nunca e o volume de bens
e produtos transacionados a nível internacional atingiu níveis sem
precedentes, o que permite aos agentes patogénicos viajar pelo mundo
com facilidade, recorda a FAO.

O estudo agora publicado foca-se em particular em como as mudanças na
forma de criar e comercializar animais afetou a emergência e
transmissão de doenças.

"Os muitos desafios discutidos nesta publicação requerem uma maior
atenção à prevenção", pode ler-se no relatório. "A atitude de deixar
tudo como está já não é suficiente".

A FAO advoga por isso uma abordagem de "Uma Saúde", que olhe para as
interligações entre fatores ambientais, saúde animal e saúde humana,
juntando profissionais de saúde, veterinários, sociólogos, economistas
e ecologistas para trabalhar estes assuntos.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=703515&tm=7&layout=121&visual=49

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