quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Meia.dúzia. A fruta em bisnaga

Dois irmãos decidiram patentear bisnagas de alumínio como embalagem
para doce. Só usam matérias-primas portuguesas



Os irmãos Andreia e Jorge Ferreira Silva
Diana Quintela
21/12/2013 | 00:00 | Dinheiro Vivo

Se há ideias que podem mudar a maneira como pensamos em determinadas
ações, a meia.dúzia é uma delas. Há um ano Jorge e Andreia Ferreira
Silva, de 38 e 25 anos, respetivamente, começaram a pensar numa
maneira de poderem realizar o sonho de terem uma empresa própria e
desde então não têm pensado noutra coisa.

Jorge, engenheiro químico, trabalhou em empresas têxteis durante quase
uma década. Só que sonhava com um negócio próprio. "A ideia de ter um
projeto meu surge numa altura em que senti necessidade de fazer alguma
coisa por mim e em que, por coincidência, a minha irmã estava a acabar
o curso e sem perspetivas de futuro a nível de trabalho", conta ao
Dinheiro Vivo. À falta de uma oportunidade de trabalho e, confrontada
com a proposta do irmão, Andreia não pensou duas vezes. Jorge fez
quase tudo o resto.

Inspirado nas bisnagas de tinta acrílica que usa nos seus quadros -
além de engenheiro, Jorge Ferreira Silva também pinta -, decidiu
aproveitar os pacotes das bisnagas e enchê-los com algo inesperado.
Andreia começou a procurar e a testar receitas de compotas na cozinha
dos pais e, pouco tempo depois, os dois investiram 40 mil euros, quase
todos direcionados para a compra de uma máquina que enche as bisnagas
de alumínio com compotas de frutas.

Sim, leu bem: a meia.dúzia produz e vende compotas de frutas feitas em
regime de produção integrada ou biológica ou de denominação de origem
protegida (nos casos da pera rocha ou do ananás da Madeira) mas,
apesar de o produto que vendem ser clássico e artesanal, escolheram
vendê-lo numa embalagem completamente diferente do habitual: a cada
fruta corresponde uma bisnaga de cor diferente, a cada cor um sabor
distinto.

"O nosso produto foi a grande aposta. Apostámos em compotas em
bisnaga, adaptando uma coisa que já existe a um conceito nunca antes
visto. Queremos, além de vender compotas de alta qualidade,
proporcionar aos clientes uma experiência de sabores portugueses",
explica Jorge Ferreira Silva.

Mas os primeiros meses foram vividos entre a confiança e o medo. A mãe
de Jorge e Andreia era uma das vozes mais céticas. "Achava a ideia de
vender compotas em bisnaga descabida e não acreditava que as pessoas
pudessem comprar uma coisa que não viam nem tinham como provar", conta
a filha e cofundadora da meia.dúzia. A verdade era essa: ninguém sabia
ao certo qual seria a reação das pessoas ao serem surpreendidas por
bisnagas de compota de frutas, em vez dos tradicionais frascos de
vidro.

Mas às críticas da mãe de Jorge e Andreia opôs-se o entusiasmo do
risco: os dois fatores ajudaram os irmãos a pensar numa maneira de
contornar a questão da imagem. "À primeira vista a imagem chama a
atenção mas era preciso mais. Fazemos questão de que qualquer pessoa
que compre as nossas compotas as prove primeiro", detalha o engenheiro
químico.

Entre os 24 sabores de compotas de frutas que existem atualmente a
meia.dúzia - e que incluem, por exemplo, compota de abóbora e laranja
com mel de rosmaninho, eucalipto, mel e amêndoa, pera rocha com
moscatel do Douro, mirtilo com cidreira ou amora com avelã e noz
moscada, entre muitos outros -, pode escolher seis para a meia dúzia
de experiências. Esta paleta de bisnagas é o produto base, à venda nas
cerca de 130 lojas em que a meia.dúzia tem presença, espalhadas por
todo o país.

No ano passado, a meia.dúzia já vendeu 40 mil bisnagas de compota;
este ano o número deverá mais do que duplicar, assim como o número de
pessoas que os irmãos têm a trabalhar na sua fábrica em Outiz, Braga.

Além do mercado nacional, a empresa já começou a exportar para a
Bélgica, Angola, Alemanha, Áustria e Reino Unido e não quer ficar por
aqui. Estados Unidos, Rússia e Colômbia deverão ser os próximos
mercados para onde a meia.dúzia vai exportar.

Com tanta procura, criou-se uma necessidade de fazer crescer também a
variedade de produtos disponíveis. Assim, além das compotas em
bisnaga, a meia.dúzia lançou recentemente os licores artesanais e os
chás, estes vendidos em tubos de ensaio - materiais que nos habituámos
a ver em laboratórios e cuja funcionalidade a meia.dúzia reinventa.

Já no mês passado, a empresa juntou à sua gama de produtos seis
qualidades de chocolate de S. Tomé e Príncipe com frutas misturadas,
também em bisnaga. E para o próximo ano, já há mais novidades
preparadas: a empresa criada por Jorge e Andreia Ferreira Silva começa
a produzir, de forma biológica, frutos vermelhos (morangos, mirtilos,
amoras, framboesas e groselhas) para garantir a matéria-prima de
algumas das suas receitas.

"Queremos que a embalagem chame a atenção mas que o produto surpreenda
também pelo sabor e pela qualidade que tem", explica Jorge.

http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/Artigo/CIECO304788.html?page=0

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