segunda-feira, 31 de março de 2014

Indústria do tomate teme fim das taxas alfandegárias com parceria UE/EUA


  28-03-2014 


 
A indústria do tomate teme o impacto da abolição das taxas alfandegárias que estão a ser negociadas no âmbito do acordo comercial entre União Europeia (UE) e Estados Unidos (EUA) e reclama que estes produtos sejam considerados «sensíveis».

A aplicação da parceria vai implicar o fim das taxas alfandegárias sobre as importações de produtos provenientes dos EUA para a Europa, actualmente de 14,4 por cento, uma medida considerada «problemática» pelo secretário-geral da Associação dos Industriais de Tomate (AIT), Miguel Cambezes.

A abolição das taxas «é verdadeiramente um convite a que a indústria americana, mais propriamente a indústria californiana, ponha o seu enfoque estratégico na Europa (…) Como o consumo de tomate está estagnado no mundo desde 2010 perguntar-se-á onde é que estas empresas pensam ir vender o seu tomate», questionou.

Miguel Cambezes sublinhou ainda que, embora a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a União Europeia UE e os EUA represente, para a maior parte dos sectores, o acesso a um mercado de 300 milhões de consumidores com elevado poder de compra, para a indústria do tomate «não representa nada».

«Só há um produto derivado de tomate que a Europa consegue exportar para os Estados Unidos. Só há um, de todos os que fazem os espanhóis, os franceses, os gregos, os italianos ou os portugueses, um tomate pelado de uma variedade produzida no Sul de Itália», destacou o mesmo responsável, explicando que «ninguém consegue ser competitivo nos EUA em termos de preço».

A indústria europeia pretende, por isso, incluir os transformados de tomate na lista de produtos sensíveis, ganhando mais tempo para a abolição das taxas e pede «um período temporal transitório» para que a investigação que está, actualmente, a ser feita se traduza em resultados e permita aumentar a produtividade.

«Não conseguimos competir com a indústria americana: não somos tão bons a produzir, não temos o mesmo rendimento por hectare e não temos a mesma escala», enfatizou Miguel Cambezes.

Outras diferenças que favorecem a indústria norte-americana prendem-se com o custo da matéria-prima, de 92 euros por tonelada na Europa e 67 nos EUA e da energia, menos 20 a 30 por cento nos EUA.

Também a componente regulatória é negativa, acentuou Miguel Cambezes, aludindo aos custos ambientais associados às emissões de dióxido de carbono e tratamento de efluentes na Europa e que não se fazem sentir nos EUA.

Além disso, «há um conjunto de produtos fitofarmacêuticos utilizados nos EUA que são proibidos na União Europeia», sublinhou o secretário-geral da AIT, reclamando uma uniformização das normas ambientais e fitossanitárias, «pelo lado das melhores práticas».

Portugal ocupa, atualmente, o 4.º lugar entre os maiores exportadores de produtos transformados de tomate a nível mundial, com 95 por cento da produção a ser vendida em mercados externos, no valor de 250 milhões de euros.

Em 2012, o volume das importações de concentrado de tomate na UE com origem nos EUA foi de 74,4 mil toneladas, enquanto os EUA importaram de 3,9 mil toneladas de concentrado de tomate proveniente da UE, o que significa que os norte-americanos exportaram cerca de 19 vezes mais concentrado para a UE do que importaram.

Fonte: Lusa

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