terça-feira, 4 de março de 2014

Leguminosas para a agricultura do futuro


Kick-off meeting de projecto Europeu com início amanhã

Nos próximos dias 4 e 5 de Março tem lugar em Dijon, França, a reunião de lançamento do projecto europeu LEGATO -"Legumes for the Agriculture of Tomorrow" - financiado pelo programa Europeu FP7.

O projecto LEGATO tem como objectivo melhorar a competitividade das plantas leguminosas na agricultura Europeia. As leguminosas de grão representam menos de 2% da terra cultivada na Europa, contra os mais de 10% na China e nas Américas. Apesar disso, as leguminosas oferecem grandes vantagens ambientais devido à sua capacidade de fixar azoto atmosférico e permitem por isso grandes poupanças em fertilizantes sintéticos e nos inerentes custos energéticos e produção de gases com efeito de estufa. Quando usadas na rotação de culturas, as plantas leguminosas fornecem a fertilização em azoto para a cultura seguinte, aumentam a biodiversidade e podem reduzir pragas e a transmissão de doenças. Por último, estas plantas são uma importante fonte proteica na alimentação humana e animal e podem contribuir para a autonomia Europeia em proteínas. Hoje em dia, a composição das rações animais depende grandemente da soja importada, um bem comercial com um preço crescente nos mercados mundiais.

O projecto LEGATO reúne 17 instituições e 10 empresas ou associações profissionais de 12 países Europeus, incluindo Portugal, focadas no melhoramento e na gestão agrícola das principais leguminosas de grão cultivadas na Europa, como a ervilha e a fava. Entre as acções propostas, incluem-se o uso de técnicas avançadas de melhoramento baseadas nos recentes dados genómicos, a exploração das colecções de recursos genéticos, técnicas de fenotipagem de alto-rendimento (como a imagiologia não invasiva de raízes), sistemas de cultivo baseadas em leguminosas (como o intercroping) e a exploração de novos produtos alimentares incorporando farinhas de leguminosas.

As leguminosas em Portugal
A situação nacional no que diz respeito à relação produção/consumo de leguminosas é ainda mais negra do que o resto da Europa. Segundo dados do INE, Portugal produz menos de 10% do que consume em leguminosas de grão (alimentação humana), o que se traduz numa forte dependência da industria nacional em matérias primas do exterior. No entanto, Portugal (como muitos outros países europeus) é reconhecido pela variabilidade e qualidade de muitas das suas leguminosas de grão e que podem contribuir para uma dieta saudável, mas que não estão a ser potenciadas em termos de produção e contribuição para o desenvolvimento de sistemas agrícolas mais sustentáveis.

O projecto em Portugal
Em Portugal, o projecto conta com o Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade NOVA de Lisboa (ITQB), com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e com a SME Patrimvs (do grupo Museu do Pão).
Os parceiros Portugueses estarão envolvidos no desenvolvimento de ferramentas moleculares para apoiar o melhoramento da qualidade nutricional do Lathyrus sativus (chícharo); na identificação de fontes de resistência a pragas e doenças em chícharo, fava e ervilha e no estudo dos respectivos mecanismos de resistência; na caracterização da qualidade nutricional, organoléptica e do ponto de vista do utilizador-final de uma vasta colecção de leguminosas de culinária europeias (ervilha, fava, lentilha, grão de bico e chícharo) e identificação das características de qualidade mais valorizadas pelos consumidores; e no desenvolvimento de ferramentas de apoio ao melhoramento destas características de qualidade nas leguminosas.

Fonte:  ITQB

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