segunda-feira, 5 de maio de 2014

Rita Nabeiro: “Não estamos na guerra do volume, mas na do azeite de qualidade”

Diretora geral da Adega Mayor, empresa do Grupo Delta, fala sobre o crescimento da produção e exportação de azeite


05/05/2014 | 01:16 | Dinheiro Vivo
O azeite português está com resultados muito positivos, quer ao nível da produção quer nas exportações. A Adega Mayor foi sensível a este contexto para lançar no mercado o seu primeiro azeite?
O café [Delta] é o nosso core business. E o vinho, claro, mas dentro do projeto Adega Mayor o azeite ganhou peso. Já tínhamos dois azeites - virgem extra e perfumado com flor de sal e louro - , dentro de um grupo de produtos de nicho, onde havia bombons. Mas como surgiu a oportunidade na restauração, dadas as características do nosso negócio da distribuição, avançamos para o Azeite Virgem Extra Adega Mayor.
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É um produto também para o consumidor particular?
Temos algumas garrafas em secções gourmet de algumas áreas comerciais, como é o caso do El Corte Inglés. Não no grande retalho, pois ainda não temos capacidade de produção. Mas se as solicitações continuarem a crescer, quem sabe?
A ponto de pensar na exportação, aproveitando a capacidade de distribuição em mercados onde está o café?
Como foi algo que surgiu naturalmente, porque temos olival, estamos ainda a explorar. Se quiséssemos crescer, teríamos de criar uma marca comercial e contratar uma empresa para nos ajudar. De facto, tem sido o desejo do meu avô [Rui Nabeiro] investir num lagar. Mas só faz sentido crescer se houver resposta, que pelos vistos tem sido crescente. No entanto, não estamos na guerra do volume, mas sim do azeite de qualidade, com preço superior.
O Brasil é um dos principais apreciadores do azeite português e um mercado atrativo.
Sem dúvida, tal como o angolano, o francês ou o luxemburguês, onde o foco tem sido o café. Mercados estratégicos também para o vinho, mas em relação aos quais ainda não temos capacidade de resposta. Temos limitações em termos de produção. Ou seja, para já queremos sedimentar o foco no vinho e, depois, colocar o azeite no horizonte.
O azeite Adega Mayor provém do Alentejo, uma das áreas responsáveis por 71,6% da produção nacional. Quais as características?
Muito semelhante às do vinho: muito aromático, frutado, sem defeitos, com frescura. Apostámos nas variedades galega, azeiteira e picual, da região de Campo Maior e Elvas.
O azeite aposta cada vez mais na inovação. É uma forma de sucesso cá dentro e lá fora?
Acaba por ser. Tanto mais que o azeite, como gordura mais saudável, tem vindo a ocupar o lugar dos óleos. Por isso, se vê hoje diferentes formatos de embalagens, com uma grande variedade de produtos.
De que modo podem as medalhas contribuir para a afirmação do azeite português, mesmo de marcas no início, como a Adega Mayor?
Os prémios afirmam o azeite de qualidade. Mas é importante saber comunicar bem, porque não basta ganhar medalhas. É preciso que mercados como o brasileiro, o espanhol ou o grego continuem a saber que Portugal tem azeite de qualidade. Algumas marcas têm feito esse trabalho muito bem. E nós temos de aprender com eles.

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