terça-feira, 3 de junho de 2014

Agrolex assina contrato de 20 milhões com gigante saudita do sector agro-alimentar


Ana Brito

03/06/2014 - 07:16

Há cerca de 1500 hectares de terreno no Ribatejo e no Alentejo que estão na mira da Arábia Saudita.
Grupo saudita pode vir a comprar terrenos na zona do Alqueva Nuno Oliveira


Quando acompanhou o vice-primeiro-ministro Paulo Portas à Arábia Saudita, em Abril, a Agrolex já levava o trabalho de casa feito. E por isso, quando voltou da missão empresarial, trouxe na bagagem um contrato de exportação de 11 milhões de euros com a National Agricultural Development Company (NADEC), uma das maiores empresas agro-alimentares do Médio Oriente.

Desde então, o valor do negócio firmado entre a empresa do Cartaxo e o grupo detido em 20% pelo Estado saudita subiu para 20 milhões de euros, revelou ao PÚBLICO o director comercial da Agrolex, Rodrigo Ryder. O negócio inclui a venda de maquinaria agrícola (produzida em Portugal) e o fornecimento de cerca de sete mil toneladas de luzerna , ou alfafa, uma planta de "alto rendimento" especialmente indicada para a alimentação de vacas leiteiras, ou não fosse a NADEC uma das maiores empresas produtoras de leite e derivados do mundo.

Mas estas sete mil toneladas são só o começo e serão compradas em Espanha. A empresa tem um contrato a três anos que quer passar a garantir com produção 100% portuguesa. "O nosso objectivo é o de no primeiro ano de contrato atingirmos um milhão de toneladas enviadas". E a expectativa para quando se atingir esse pico de um milhão de toneladas é que o volume de negócios atinja 280 milhões de euros, disse o director comercial da Agrolex, que "muito em breve" irá introduzir a alfafa nos seus próprios terrenos.

Para alimentar uma estrutura gigante como a NADEC também é necessária dimensão. Em cima da mesa está, por isso, a possibilidade de o grupo saudita comprar terrenos no Ribatejo e no Alentejo (região do Alqueva), "a cerca de dez proprietários". O negócio não está fechado, mas segundo Rodrigo Ryder deverá contemplar entre 1000 e 1500 hectares de terreno. Os sauditas têm a tecnologia mais avançada e grandes explorações, mas não a quantidade de água necessária a uma cultura como a da alfafa, explicou o gestor da Agrolex.

O destino da exportação portuguesa será uma das várias quintas a partir das quais a NADEC vende os seus produtos para os países do Médio Oriente e do Norte de África. O responsável da Agrolex, que qualifica os investidores sauditas como "altamente selectivos, muito sofisticados e bastante pragmáticos", entende que Portugal tem tudo a ganhar com este negócio. "Achamos que o país pode ganhar nome na produção agrícola mais além do azeite, do tomate e da cortiça", defende. Segundo Rodrigo Ryder, Portugal importa 95% da alfafa consumida e o negócio com a NADEC poderá mudar por completo esse quadro.

Tratando-se a luzerna de uma planta que pode ser "apanhada nove vezes por ano" e tendo em conta "a altíssima qualidade dos solos portugueses", a entrada dos investidores sauditas pode "garantir um mercado ad eternum para o escoamento deste produto para exportação directa", afirmou o director comercial da Agrolex, para quem "o Alentejo e o Ribatejo podem transformar-se no celeiro de Portugal, mas de luzerna". De luzerna e de "outras duas culturas" em que a NADEC também vê potencial, mas que, por enquanto, a Agrolex pretende manter em segredo.

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