domingo, 29 de junho de 2014

Vem aí a floresta a regadio


por Emília Freire
24 de Junho - 2014
O tema está na ordem do dia e os ensaios estão no terreno. A Amorim está a testar montado de regadio, a Floresta Atlântica vai avançar com produção de madeiras nobres com recurso a rega e a Portucel está a fazer testes com eucaliptal. 

 
Ao defender a plantação de eucaliptos em Alqueva o presidente da EDIA lançou a polémica. As federações de associações de proprietários florestais com quem falámos não ficam chocados com a ideia, mas também não a defendem.

"O grande desafio é aumentar a produtividade das áreas onde já temos floresta", alerta a diretora executiva da Forestis.

Em maio, o presidente do conselho de administração da EDIA, José Pedro da Costa Salema, disse ser favorável à plantação de eucaliptos em Alqueva, defendendo que desta forma seria possível garantir a sustentabilidade das pequenas explorações agrícolas, o chamado 'regadio social'.

O sector florestal "é muito dinâmico e, se utilizarmos as pequenas parcelas de terreno em Alqueva, podemos atenuar a falta de matéria-prima e reduzir a vinda de barcos carregados de madeira da América do Sul", adiantou. O presidente da EDIA encara como "natural regar eucaliptos", e considera "um erro" que a legislação em vigor o proíba.

A VIDA RURAL foi à procura de projetos, reações e opiniões sobre floresta de regadio (não apenas eucaliptos) e a diretora executiva da Forestis – Associação Florestal de Portugal, que junta 31 organizações de proprietários florestais do centro e norte do País, defende que "floresta é sempre melhor do que abandono". Mas Rosário Alves considera que o uso de regadios abandonados, por exemplo (caso de cerca de 50% dos regadios públicos) para a plantação de floresta, tem de "ser incluído numa política nacional para os solos agrícolas abandonados. O Estado tem de se colocar numa posição equidistante e bem escudado em análises económicas e técnicas".

Já o presidente da Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais (FNAPF), que reúne 41 associações de proprietários florestais do sul (duas), centro e norte de Portugal, diz: "não vejo mal nenhum em se aproveitar regadios abandonados para a floresta, se não estão a ser usados para fins agrícolas, pode ser uma opção. Mas será sempre para nichos de mercado e principalmente para espécies nobres, como o freixo, o castanheiro, a nogueira negra, entre outras".

Vasco Campos adianta que "já há inúmeros exemplos disso por todo o País, onde os proprietários têm água disponível", ressalvando que, "na maioria dos casos, os produtores regam as árvores apenas nos primeiros anos, até cerca dos quatro/cinco anos, porque a partir daí as raízes já têm profundidade suficiente para atingir os lençóis freáticos no solo e a rega já não é necessária. Falando aqui da realidade que conheço melhor, no centro e norte, onde a pluviosidade é muito superior ao Alentejo e Algarve, por exemplo".

Veja a reportagem completa na edição de junho da revista VIDA RURAL.


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