sábado, 7 de junho de 2014

Veneno de aranha pode salvar abelhas, diz estudo



O veneno de uma das aranhas mais venenosas do mundo pode ajudar a salvar as abelhas melíferas (produtoras de mel) ao servir de base para um bio-pesticida capaz de eliminar pragas, mas poupar os insectos que são polinizadores poderosos, revelou um estudo.
As populações de abelhas, tanto selvagens quanto criadas em cativeiro, estão em declínio na Europa, nas Américas e na Ásia por razões que os cientistas lutam para entender, e os pesticidas industriais são considerados os principais responsáveis.
No ano passado, cientistas alertaram que certos pesticidas usados para proteger cultivos ou colmeias podem confundir os circuitos cerebrais das abelhas, afectando a sua memória e suas habilidades de navegação das quais dependem para encontrar comida, colocando colmeias inteiras em perigo.
Desde então, a União Europeia impôs uma proibição temporária a alguns destes produtos químicos.
Agora, uma equipa da Universidade de Newcastle, em Inglaterra, descobriu que um bio-pesticida feito com uma toxina do veneno da aranha da família «Hexathelidae», natural da Austrália, e uma proteína da planta galanto, não prejudica as abelhas.
«Fornecer doses agudas e crónicas às abelhas, além dos níveis que experimentariam no campo, teve apenas um efeito suave na sobrevida das abelhas e nenhum efeito mensurável na sua aprendizagem e memória», informou a universidade em comunicado.
Nem as abelhas adultas, nem as lavras foram afectadas, reportou o estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B.
Anteriormente, o bio-pesticida não demonstrou ter efeitos nocivos aos humanos, apesar de ser altamente tóxica para uma série de pragas importantes.
As abelhas respondem por 80% da polinização de plantas feita por insectos. Sem elas, muitos cultivos deixariam de dar frutos ou precisariam de ser polinizados manualmente.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) informou que os polinizadores contribuem com pelo menos 70% dos grandes cultivos de alimentos humanos.
O valor económico dos serviços de polinização foi estimado em 208 mil milhões de dólares em 2005.
«Não haverá uma solução única», disse o co-autor do estudo, Angharad Gatehouse.
«O que precisamos é de uma estratégia de gestão integrada de pragas e pesticidas específicos e os insectos serão apenas uma parte disto», concluiu.

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