sexta-feira, 4 de julho de 2014

África: Produtores de tabaco exigem inclusão nos debates da OMS


África: Produtores de tabaco exigem inclusão nos debates da OMS

Produtores africanos de tabaco exigiram hoje participar nos debates preparatórios sobre políticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a indústria tabaqueira, que serão objeto de uma reunião internacional em outubro.
A reunião é a denominada Conferência das Partes da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde -- COP6 e vai decorrer entre 13 e 18 de outubro na Rússia.

O presidente da Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), François van der Merwe, afirmou que os produtores de tabaco do Zimbabué, do Maláui, da Zâmbia, do Quénia e da África do Sul «estão alarmados» com o facto de as recomendações para o setor, propostas para a próxima conferência sobre o tabaco, «penalizarem os produtores».
«As pessoas que definem estas políticas estão completamente alheadas da realidade e não conseguem reconhecer o contributo económico positivo da produção de tabaco em África», disse François van der Merwe, no final de um encontro que decorreu hoje na capital zimbabueana, Harare.
O responsável considerou que o tabaco «é uma cultura de elevado valor comercial e bastante adequada à agricultura de pequena escala, tendo mudado para melhor a vida de muitos agricultores africanos», pelo que os produtores exigem a sua inclusão nos debates das políticas do setor.
O presidente da Associação de Tabaco do Zimbabué, Gavin Foster, afirmou, no entanto, que boa parte do tabaco produzido em África é exportado, por isso «é natural que os produtores estejam preocupados com as iniciativas no âmbito da Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco, que vão no sentido de alterar a forma como o tabaco é tratado no sistema do comércio internacional».
«Se forem aprovadas, estas alterações impedirão os países produtores de tabaco, como o Zimbabué, de defender e beneficiar legitimamente dessas exportações», acrescentou Gavin Foster citado num comunicado da ITGA enviado à Lusa.
Mas François van der Merwe acusou a contraparte no debate de «não ter dado a palavra» aos produtores de tabaco para «exprimirem os seus pontos de vista», nem sequer lhes dar «oportunidade para abordar diretamente as partes que pretendem implementar estas medidas punitivas».
A última Convenção Quadro para o Controle do Tabaco adotou medidas que os produtores consideram penalizadoras por permitirem o desenvolvimento de alternativas ao cultivo do tabaco, com consequente substituição gradual dessa atividade agrícola.
Outras das decisões da OMS visa à proteção do meio ambiente e à saúde das pessoas envolvidas com o cultivo do tabaco, por a agência da ONU considerar que a atividade agrícola envolve o manuseio de pesticidas e contato direto com a folha do tabaco verde, potenciais fatores de risco à saúde dos agricultores.
«Pedimos aos governos e a órgãos representativos, como as Nações Unidas, que encetem connosco um diálogo construtivo em vez de nos deixarem de fora», afirmou François van der Merwe no final do encontro.
Diário Digital com Lusa

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