23-07-2014
Os autarcas de Monção e Melgaço afirmaram à Lusa que a sua argumentação contra o alargamento da produção do vinho Alvarinho «foi bem acolhida» pela Ministra Assunção Cristas e pelos deputados da Comissão Parlamentar de Agricultura.
«Foram contactos muito positivos em defesa dos produtores de uva e de vinho da sub-região de Monção e Melgaço», sublinharam à Lusa os autarcas Augusto Domingues, de Monção e Manoel Batista, de Melgaço.
Os dois presidentes de câmara, acompanhados de elementos da Associação de Produtores de Alvarinho (APA), da Confraria do vinho Alvarinho e das adegas cooperativas de Monção e Melgaço reuniram-se com a ministra da Agricultura.
«A senhora Ministra percebeu qual a situação que está em causa e manifestou-se sensível. Adiantou que ainda não tem em mãos a proposta da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) de alargamento da produção da casta "Alvarinho" a todos os concelhos que a integram. Disse que ainda há tempo para o diálogo entre a nossa sub-região demarcada e a CVRVV», explicaram os dois autarcas.
A comitiva alto-minhota reuniu-se depois com os deputados da Comissão Parlamentar de Agricultura que, segundo os dois autarcas, «foram sensíveis» aos argumentos em defesa da manutenção da exclusividade da produção de Alvarinho naquela sub-região.
«A maioria dos deputados está alinhada connosco. Entenderam os interesses fortíssimos que estão em jogo e prometeram dar força e fazer "lobby" para garantir a exclusividade da produção de Alvarinho», explicaram.
As duas autarquias têm vindo a assumir «preocupação» com a possibilidade de a «denominação exclusiva» de produção de vinho Alvarinho, vir a ser «alargada» à restante área da CVRVV.
Os contactos realizados surgiram na sequência da aprovação, no passado dia 25 de Junho, pela CVRVV de uma proposta de alargamento da produção a todos os concelhos que a integram.
Segundo dados de 2013 da Associação de Produtores Alvarinho, a actividade reúne 60 empresas desta sub-região demarcada centenária, Monção e Melgaço, onde são produzidos anualmente seis milhões de quilogramas daquela uva.
A selecção «das melhores» dá origem a mais de 1,5 milhões de garrafas de vinho alvarinho e representa um volume de negócios da cerca de 25 milhões de euros.
A exportação representa 10 por cento do total das vendas anuais do vinho alvarinho, sobretudo para mercados da América do Norte e norte da Europa, além de outros países com forte presença de emigrantes portugueses, como a França.
Trata-se também da casta cuja uva «mais rende ao produtor», com excepção da uva utilizada para o vinho do Porto de mesa, chegando a valer 1,10 euros por cada quilo. É por isso a «matéria-prima mais cara» do país, garantem os produtores.
Fonte: Lusa
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