quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Nada é perfeito. Há hortas urbanas em Portugal que podem ser perigosas para a saúde

Universidade de Aveiro diz que hortas urbanas têm solos com excesso de metais pesados perigosos para a saúde


Excesso de metais pesados nos solos
27/08/2014 | 16:42 |  Dinheiro Vivo
Os níveis de cádmio, cobre, chumbo e zinco em solos de hortas urbanas e em pastagens situadas na área do Grande Porto ultrapassam os valores máximos definidos pela União Europeia (UE) para a presença em zonas agrícolas destes metais pesados e potencialmente tóxicos.
As conclusões, que são extensíveis às hortas urbanas do restante território nacional, são de uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA), tornadas públicas em finais de julho.
Esta equipa não desaconselha o consumo humano e animal de produtos hortícolas e de pastagens que crescem em áreas urbanas ou industriais, mas defende a importância de avaliar a qualidade dos solos e do risco para a saúde pública da ingestão dos produtos em causa.
Sónia Rodrigues, investigadora do Departamento de Química (DQ) e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA defende que "é crucial implementar critérios de qualidade de solos que sejam adequados aos tipos de solo mais comuns em Portugal".
A coordenadora do estudo revela que "os níveis de chumbo observados nos solos são superiores àqueles observados em área rurais em Portugal". E nas plantas, nomeadamente no azevém que serve de pasto a animais que poderão entrar na cadeia alimentar dos portugueses, "obtiveram-se valores de cádmio, cobre e zinco que excederam os critérios de qualidade para forragens animais".
A análise das centenas de amostras de solo recolhidas em hortas situadas nos arredores da cidade do Porto (Maia, em Leça da Palmeira, em Matosinhos e em São Mamede de Infesta) revelou que as concentrações de metais pesados são comparáveis aos valores observados noutras cidades europeias, nomeadamente em Espanha, no Reino Unido ou na Holanda.
Com uma diferença. Ao contrário destes e de outros países da UE, em Portugal não estão fixados limites para elementos potencialmente tóxicos em solos de áreas agrícolas, residenciais e industriais, destaca comunicação da UA. Mais acrescenta que não estão definidos no país procedimentos para avaliação de risco para o ambiente e saúde humana nessas áreas e definidos critérios para a remediação de solos contaminados.
Ainda assim, a investigação incidiu sobre os alimentos consumidos por vacas e ovelhas nesses locais ou noutros de características urbanas. E, no caso das vacas, verificou-se que a ingestão diária excede os limites de cobre em sete locais estudados e os limites de chumbo em oito.

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