domingo, 24 de agosto de 2014

Tempo instável salva época de incêndios


     
Rita Carvalho Rita Carvalho | 24/08/2014 10:33:11 0 Visitas   
Tempo instável salva época de incêndios
Como não houve dias quentes e secos seguidos, bombeiros conseguiram controlar chamas. Área ardida é das mais baixas dos últimos 10 anos.

Este está a ser um Verão atípico no que diz respeito aos incêndios florestais, com a área ardida a ficar muito abaixo da média dos últimos dez anos. Até 15 de Agosto,  arderam 8.645 hectares de mato e floresta, menos 87% do que o valor médio anual (66.230 hectares) entre 2004 e 2014.

Os bombeiros atribuem as melhorias ao reforço dos meios no terreno – homens, viaturas e meios aéreos – e ao investimento feito na formação. Mas o tempo também tem dado uma ajuda preciosa. O clima tem estado instável e foram poucos os dias com condições propícias ao fogo. Segundo os meteorologistas, Julho foi um mês muito chuvoso e mais frio do que o habitual.

«Não tem havido uma sequência de dias quentes e secos. O que se traduz num número menor de ignições por dia», explicou ao SOL Domingos Xavier Viegas, especialista em incêndios florestais. Para o professor da Universidade de Coimbra, «quando há poucas ocorrências ao mesmo tempo, é possível fazer um ataque inicial às chamas com resultados e o sistema consegue responder». Contudo, alerta: «Mesmo não ardendo este ano, o material combustível continua lá. Se nada for feito, arde no próximo ano».

Jaime Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, também partilha a opinião de que o dispositivo de combate tem conseguido «atacar os fogos à nascença». Mas atribui este mérito também ao reforço dos meios – mais 250 homens no terreno – e a uma «intervenção mais musculada e rápida que permite evitar que os pequenos fogos se transformem em grandes».

Área ardida reduzida porque fogos são atacados no início

A realidade dos últimos anos tem demonstrado precisamente isso: que são apenas alguns grandes incêndios, que se descontrolam e ficam activos durante vários dias, que fazem disparar a área ardida. Nessas situações, como a da Serra do Caramulo no Verão passado, o sistema de combate deixa de conseguir responder e a área consumida pelas chamas estende-se por muitos milhares de hectares.

O último relatório do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas também mostra que o dispositivo tem debelado os pequenos focos. Entre 1 de Janeiro e 15 de Agosto, registaram-se 5.161 fogos quando a média ronda os 13 mil. Mas a área ardida registada é proporcionalmente muito menor: 8.645 hectares queimados, em comparação com os 66.230 dos últimos dez anos. O que prova que grande parte das ocorrências foram fogos de pequena dimensão. O maior ocorreu em Aboadela, no Porto, com 974 hectares ardidos.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil remete para o final da época um balanço mais exaustivo. Ao SOL, o comandante operacional nacional, José Manuel Moura, lembrou que a 'fase Charlie', a mais crítica, ainda vai a meio e que, entre as variáveis que compõem a equação dos incêndios «algumas não são do nosso domínio». Por isso, acrescentou, é preciso ser prudente na análise.

As previsões climatéricas para as próximas semanas parecem continuar a favorecer os bombeiros: segundo o Instituto do Mar e da Atmosfera, até à segunda semana de Setembro, a temperatura deverá estar abaixo da média e a precipitação acima do habitual.

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