quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Agricultura: um recurso estratégico

 
Miguel Albuquerque

Ferramentas

A agricultura é um recurso estratégico da nossa Região e a diversidade dos nossos sistemas de produção agrícola têm hoje uma importância fundamental na criação de rendimento para as famílias, na manutenção da biodiversidade, na segurança alimentar e na valorização paisagística do nosso território.

Os produtos agrícolas regionais, reconhecidos pela sua excelente qualidade e sabor inconfundível, devem ser valorizados e promovidos junto do público consumidor e dos turistas que nos visitam, sobretudo num tempo em que um grande número de produtos híbridos importados, resultantes da produção massificada das grandes unidades agro-industriais, geneticamente manipulados e carregados de químicos, não têm sabor a coisa nenhuma e começam a ser rejeitados pelos consumidores mais esclarecidos e de maior poder aquisitivo.

Não é possível comparar o sabor (ou aroma) de um tomate do Porto Santo, de uma maçaroca de Santana, de um pero da Ponta de Pargo, de uma cenoura de Câmara de Lobos, de uma semilha de São Jorge… etc. – com os seus equivalentes, insonsos e desprovidos de sabor, importados pelas grandes superfícies.

Ou seja, hoje em dia, quer na chamada agricultura de subsistência assente em técnicas mais artesanais, quer na agricultura biológica ou ambientalmente sustentável, quer nas unidades de produção mais eficientes e mecanizadas promovidas por jovens empresários agrícolas, estão a surgir novos nichos de mercado e novas tendências de consumo junto do grande público, que começam crescentemente a valorizar a qualidade e a autenticidade do produto, em detrimento do preço.

Todavia, a sustentabilidade, crescimento, e sucesso da nossa agricultura exige um conjunto de medidas prioritárias e inadiáveis.

a) Desburocratização do sistema de apoio e de incentivos à actividade agrícola. (não é possível continuar a massacrar os agricultores e empresários agrícolas com a burocracia Kafkiana actualmente existente na gestão dos processos)

b) Adaptação da legislação nacional e europeia – vocacionada para a salvaguarda dos interesses dos grandes aglomerados agro alimentares europeus – à nossa especificidade regional e, sobretudo, à manutenção/preservação das práticas e processos ancestrais no domínio agrícola e agro-pecuário, desde que o produto final não ponha em causa a salvaguarda do interesse público. (a paranoia de exigências legais e regulamentares para criar artesanalmente uma galinha, um porco ou uma vaca, é de enlouquecer qualquer um)

c) Colocar os excelentes técnicos da Secretaria no terreno – como antigamente se fazia – a aconselhar e a acompanhar o agricultor com orientações técnicas credíveis que lhe permita tomar as melhores decisões.

d) Concluir rapidamente as obras de recuperação das estruturas de abastecimento e racionalização da água de rega – que já deviam estar concluídas há anos -, praticar preços moderados na gestão e distribuição da mesma, e colocar no terreno, junto dos agricultores – e não na profundeza dos gabinetes -, técnicos/funcionários aptos a gerir e resolver no terreno, os problemas que surgem, em diálogo e colaboração com os agricultores e associações de regantes.

e) Relançar e revitalizar a pecuária na Região como forma de reduzir as importações de carne e outros derivados que fazem parte da alimentação humana (leite, queijo, manteiga, requeijão) - criando uma marca regional – e aproveitando os meios existentes, designadamente recuperando a Estação Zootécnica do Porto Moniz e o Centro de Ovinicultura de Santana.

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