terça-feira, 7 de outubro de 2014

Prevenção é, para já, a única arma para combater vespa do castanheiro


Áudio É preciso evitar a entrada da vespa do castanheiro na região transmontana


Insecto chinês já destruiu quase metade da produção de castanha europeia. Só na próxima Primavera poderão entrar em acção os parasitóides, insectos também oriundos da China, capazes de exterminar esta vespa. 06-10-2014 19:15 por Olímpia Mairos
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A Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte está a pedir aos agricultores transmontanos para adquirirem apenas castanheiros devidamente certificados a fim de prevenir a entrada da vespa do castanheiro na região. 

Trás-os-Montes é maior produtora de castanha no país. Possui 30 dos 35 mil hectares de soutos. 

Paula Carvalho, subdirectora-geral de Alimentação e Veterinária, apela, por isso, aos produtores da região para que "adquiram plantas devidamente controladas, com as etiquetas de certificação e de passaporte fitossanitário" e, aquando da sua chegada, "solicitem aos serviços regionais de agricultura uma inspecção ao material, antes de procederem à sua plantação".

"Só assim podemos prevenir a entrada de árvores afectadas", alerta. 

Grandes quebras de produção
O primeiro foco deste parasita (o "dryocosmus kuriphilus") com origem na China, foi detectado em Junho, na região de Barcelos, mas Paula Carvalho teme que a praga se possa estender a outras regiões, com graves prejuízos para os produtores, e manifesta preocupação em relação a Trás-os-Montes, que é a principal produtora de castanha. 

"Estamos extremamente preocupados porque a experiência que tem acontecido em outros países, nomeadamente Itália e França, que são os mais afectados, são quebras de produção que podem atingir os 70%", frisa. 

A subdirectora-geral de Alimentação e Veterinária sublinha ainda que a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte "tem vindo a desenvolver trabalho de vigilância dos soutos", adiantando que a prioridade vai para os mais recentes. "São os de maior risco porque poderão ter vindo com plantas contaminadas e importa, agora, verificar todas as novas plantações", diz.
 
Os serviços do Ministério da Agricultura prometem estar vigilantes e asseguram que, caso seja detectado algum foco, "há medidas que podem ser tomadas dentro dos condicionalismos da biologia desta praga, que é complicada de controlar". 

O ciclo da vespa 
A praga da vespa do castanheiro tem um ciclo anual e é na altura da Primavera que são visíveis os sintomas na árvore: formam-se galhas (semelhantes aos bogalhos dos carvalhos) que têm as larvas lá dentro. Inicialmente, as galhas são de cor verde-clara, passando a cor rosada. 

Entre meados de Maio e final de Julho saem as vespas. Põem mais ovos, que vão passar o Inverno na árvore, desenvolvendo-se na Primavera seguinte. Desta forma, prejudicam a formação de novos ramos, e, consequentemente, a formação dos frutos. Em plantas jovens a praga pode mesmo conduzir à morte. 

A luta biológica parece ser a única arma de destruição, mas em Portugal só deverá começar a ser testada na próxima Primavera. Nessa altura, serão largados os primeiros parasitóides, insectos também oriundos da China, capazes de exterminar esta vespa.

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