domingo, 23 de novembro de 2014

Mirtilos que promovem o Ambiente


     
Maria Teresa Oliveira Maria Teresa Oliveira | 14/11/2014 14:46:02 1817 Visitas   
O Campo Experimental de Pequenos Frutos
DR
Mirtilos que promovem o Ambiente
O êxodo das áreas rurais e a concentração populacional nas zonas urbanas é uma das grandes causas dos problemas ambientais da actualidade. Porque contribuem para a desertificação e negligência das primeiras e geram uma sobrecarga nas segundas. 

O concelho de Sever do Vouga está a ser transformado pela cultura do mirtilo. Com bons resultados em várias áreas
Neste contexto são fundamentais projectos como o de Sever do Vouga - Capital do Mirtilo, o vencedor na categoria Ambiente da iniciativa Melhores Municípios para Viver 2014, do qual o SOL é parceiro.

Promove a fixação de população em zonas rurais através da criação de negócios sustentáveis do ponto de vista económico, social e ambiental. Mais do que isso: conjuga um espectro alargado de actividades que confere ao projecto uma dimensão ambiental significativa.

O município implementou uma Bolsa de Terras, reaproveitando terrenos semiabandonados ou abandonados, dando-lhes um destino para quem pretende explorar a agricultura e torná-la num negócio, associando ao mesmo tempo a previsão de que o mirtilo é uma boa fonte de rendimento para as famílias. 

Além de combater a desertificação, o uso de terras abandonadas previne outros riscos, como o de incêndio de terras abandonadas. Numa primeira fase, a Bolsa de Terras foi constituída por 30 hectares, divididos em 22 unidades de terreno correspondentes à criação de 22 postos de trabalho permanentes e cerca de 400 sazonais por ocasião da apanha do mirtilo. E aos jovens agricultores a quem foram entregues parcelas de terreno foi garantido acompanhamento técnico.

Estudar para promover a biodiversidade

Outro ponto focal do projecto é o Campo Experimental de Pequenos Frutos, onde se trabalha para que este acompanhamento técnico seja um elemento crítico da promoção ambiental e biodiversidade. 

Entre outros temas, aqui se desenvolve um estudo das fenologias (saber como fenómenos sazonais e cíclicos, como a floração, podem ser afectados pelo clima e outros factores do meio ambiente) e produtividade relacionadas com os dados climáticos do local. Também se trabalha para saber escolher as cultivares que melhor se adaptam a cada região, para obter soluções para o controlo de pragas e doenças respeitando o meio ambiente ou para melhorar as práticas e optimizar recursos energéticos, dando o privilégio às energias renováveis.

Neste sentido, procura-se encontrar soluções e respostas para alguns dos problemas do cultivo  dos pequenos frutos, além de ajudar técnicos e produtores nas suas tomadas de decisão quanto à eleição das cultivares que promovam a manutenção de uma biodiversidade alargada – em vez de uma filosofia meramente económica de custo de produção/rentabilidade da colheita. 

O Campo resulta de uma parceria com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e com um conjunto de empresas do sector. A médio prazo, e a partir deste trabalho de investigação e aposta na qualidade, poderá vir a ser criada uma marca de referência nacional e internacional dos pequenos frutos portugueses, que será símbolo de qualidade nos mercados interno e externo. Neste momento, o Campo Experimental é constituído por 19 espécies de plantas de mirtilo, existindo ainda uma secção onde estão plantadas groselhas e morangos. 

A aproximação dos cidadãos é outro elemento importante. Aposta-se no reforço da componente técnica na Feira do Mirtilo – habitualmente realizada entre o final de Junho e o início de Julho –, para promover a aproximação dos cidadãos ao meio ambiente e às boas práticas ambientais no sector agrícola. Outra inovação desta feira é a apanha do mirtilo: os visitantes têm a oportunidade de colher o fruto num pomar e, no final, levar a colheita para casa. 

Nos próximos cinco anos, perspectiva-se que a produção de mirtilos aumente exponencialmente em Portugal, o que se traduzirá numa produção mínima de 10.000 toneladas anuais. O que torna crucial a componente ambiental.


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