terça-feira, 25 de novembro de 2014

Produtores queixam-se à UE de discriminação na rotulagem de Alvarinho

  24-11-2014 
  
Produtores, engarrafadores e adegas cooperativas da Região dos Vinhos Verdes escreveram à União Europeia a declarar que estão a ser discriminados por não poderem usar a «rotulagem vinho verde alvarinho» fora de Monção e de Melgaço.

Na carta dirigida à Direcção-Geral da Agricultura da União Europeia (UE), alegam estar a ser vítimas de uma «norma que discrimina os produtores meramente em função da sua localização geográfica».

A carta resultou de uma reunião de 23 produtores, engarrafadores, viticultores e adegas cooperativas da Região dos Vinhos Verde, que decorreu quarta-feira na Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.

«Não há motivo para que seja possível fazer Alvarinho DOC (Denominação de Origem Controlada) em todo o país, excepto em 90 por cento da região dos vinhos verdes», sustentam, há algum tempo, produtores que defendem que a denominação Alvarinho deve ser alargada e não ser um exclusivo da sub-região de Monção e de Melgaço.

Os produtores dessa sub-região têm-se oposto a tal pretensão. No mês passado, aliás, produtores, viticultores e munícipes locais anunciaram até um abaixo-assinado pela manutenção da exclusividade da designação vinho verde Alvarinho em Monção e em Melgaço.

Já este mês, representantes das duas partes estiveram reunidos na CVRVV em busca de uma saída para o diferendo. A Comissão entregou-lhes um documento contendo «uma proposta de abertura gradual» num prazo de seis anos, disse à Lusa do seu presidente, Manuel Pinheiro.

Ficou também marcada uma nova reunião para o dia 10 de Dezembro. Na carta enviada à UE, os produtores que estão contra o exclusivo detido por Monção Melgaço realçam que há regiões vinícolas portuguesas onde o «plantio e a rotulagem de vinhos com a catas alvarinho é livre». O Douro e o Alentejo são as regiões mencionadas.

Estranham, por outro lado, «que a União Europeia esteja a financiar tão fortemente a promoção da DO nos mercados de exportação, nomeadamente nos Estados Unidos», sem que eles possam também beneficiar disso, a menos que aceitem omitir a designação da casta ou optem pela fórmula "Regional Minho" em vez de "Vinho Verde".

Luís Cameira, um desses produtores, referiu que a designação Regional Minho «é uma desclassificação», que tem reflexos negativos no preço final. O produtor considera que «isto é mera rotulagem», acrescentando que a questão «não tem nada a ver com política».

«O alargamento da produção ia confundir o consumidor e destruir um valor construído por nós e que distribui riqueza na região». Nesta questão, a palavra final é da secretaria de Estado da Agricultura, à frente da qual está Diogo Albuquerque.

No final de uma reunião com o secretário de Estado da Agricultura, Diogo Albuquerque em 10 de Outubro, o presidente da Associação de Produtores de Alvarinho, Miguel Queimado disse ter sido informado que «a exclusividade da produção de Alvarinho é para manter em Monção e Melgaço». «O alargamento da produção ia confundir o consumidor e destruir um valor construído por nós e que distribui riqueza na região», acrescentou.

Fonte: Lusa


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