domingo, 7 de dezembro de 2014

Governo assegura sustentabilidade financeira da gestora do Alqueva

A EDIA passou a integrar as contas públicas do Estado. A palavra de ordem é travar o aumento da dívida de 750 milhões de euros.

O Governo acaba de aprovar o plano para garantir a saúde financeira da EDIA, actualmente em situação de falência técnica. A gestora das infra-estruturas do Alqueva, que pôs em marcha o maior projecto público do Alentejo, recebeu luz verde para integrar o perímetro de consolidação das contas públicas do Estado. Uma medida que lhe permite, no imediato, reduzir os encargos com o serviço da dívida. 

"Tínhamos 190 milhões de euros contratados com a banca comercial de curto prazo que foram transformados num empréstimo de médio-longo prazo, de sete anos. O resto da dívida já era de longo prazo", revelou ao Diário Económico, o novo presidente da EDIA, Pedro Salema.

Com um passivo de 750 milhões de euros, a empresa sofre as consequências de um agressivo plano de investimentos realizado ao longo dos últimos anos, sem a respectiva injecção de capitais públicos. Uma situação que tem merecido várias reservas dos auditores das suas contas.

Responsável pela construção das infra-estruturas de regadio do Alqueva, a EDIA projectava investir 2,5 mil milhões de euros até 2025, objectivo que foi antecipado para 2015. 

Até Junho de 2014, foram gastos 2,3 mil milhões de euros, dos quais 32% destinados à construção da rede primária, os grandes canais de distribuição de água que ligam as 69 barragens e reservatórios do projecto. Já a rede secundária, que leva a água até ao consumidor final, absorveu 29% do investimento, representando os restantes 26% do custo da barragem do Alqueva. Falta assim investir entre 220 a 230 milhões de euros, aponta o gestor.

"O serviço da dívida resulta de opções tomadas pelo accionista no domínio do investimento. Toda a comparticipação nacional que a empresa não conseguiu ir buscar em financiamento comunitário nos últimos anos foi conseguido através da dívida", refere Pedro Salema.

O Governo prepara-se para avançar com outras medidas para assegurar o equilíbrio das contas da EDIA. "Não está afastada a possibilidade de realização de um aumento de capital, mas o accionista vai tomar a decisão de fazê-lo gradualmente em função das necessidades da empresa", adianta.

A palavra de ordem do Executivo é travar, até à conclusão do projecto do Alqueva, o aumento do endividamento. "Tem sido difícil, mas tem conseguido fazê-lo. Os futuros investimentos estão garantidos sem novos empréstimos por via de taxas de comparticipação comunitária na ordem dos 100%. Essa é a grande batalha", acrescenta Pedro Salema.

A deterioração da situação financeira da EDIA contrasta com a sua solidez operacional, explica a mesma fonte. No final de Junho, o EBITDA (resultado bruto de exploração) situava-se em 6.368 euros, reflectindo um crescimento de 9,5% face ao período homólogo do ano anterior. A empresa registou ainda lucros de 15.338 euros, contra prejuízos de 9 mil euros em Junho de 2013.

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