quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Negociação sobre origem do vinho Alvarinho «correu bem» mas ainda sem acordo

 11-12-2014 
 

 
A reunião sobre a denominação de origem do vinho Alvarinho «correu bem», ainda que sem se fechar um acordo, estando agendado novo encontro para dia 17, disse vice-presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Toscano Rico.

O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) estão a patrocinar uma negociação, que teve uma segunda ronda, entre produtores que defendem que Monção e Melgaço devem manter o exclusivo denominação Alvarinho e outros que pugnam pelo seu alargamento a toda região dos vinhos verdes.

Os primeiros temem ser lesados economicamente se perderem o seu exclusivo. Segundo o presidente da Associação de Produtores de Alvarinho (APA), Miguel Queimado, a produção deste vinho nos dois municípios envolve «60 produtores e dois mil viticultores e gera uma receita anual de 20 milhões de euros».

Os produtores que contestam o fim desse exclusivo alegam que «não há motivo para que seja possível fazer Alvarinho Denominação de Origem Controlada (DOC) em todo o país, excepto em 90 por cento da região dos vinhos verdes».

Toscano Rico disse à Lusa que, se o alargamento avançar, é preciso saber «como dar visibilidade à sub-região de Monção e de Melgaço». Referiu que «algo tem de ser feito ao nível da promoção e da própria rotulagem», tal como, aliás, está previsto no documento base que a CVRVV preparou e entregou às duas partes na primeira reunião.

A rotulagem pode passar por «um selo» próprio para os alvarinhos de Monção e de Melgaço, podendo criar-se uma nova designação, por exemplo "Alvarinho clássico" ou "Alvarinho premium" para os vinhos oriundos daqueles dois municípios para vincar a sua grande qualidade.

Nesta matéria, segundo Toscano Rico, «avançou-se qualquer coisa». Também está em discussão o prazo para a introdução das novas regras, que o vice-presidente do IVV sublinha dever ser «gradual». O documento da CVRVV propõe cinco anos, a partir de 2015, sendo este um ponto em que «não se evoluiu muito». «Mas também não pode ser longo sob pena de estarmos adiar o problema», advertiu.

Acresce que a União Europeia pediu a Portugal esclarecimentos sobre a situação e disse que queria uma resposta até ao final de Novembro. O Governo português conseguiu que o prazo fosse alargado até 31 de Janeiro, esperando que até lá as negociações em curso a nível interprofissional conduzam a uma solução consensual.

Toscano Rico disse que o clima existente é de «confiança» e que há o entendimento de que isto pode ser bom para as duas partes. «Fizemos uma aproximação enorme das nossas divergências», resumiu António Guedes, administrador da Aveleda e um dos representantes dos produtores que reclamam o alargamento da denominação Alvarinho.

António Guedes também frisou que na reunião «houve uma atitude muito positiva» e de demarcação dos representes dos produtores de Monção e de Melgaço face às «posições políticas» das respectivas autarquias. «Esta é uma questão interprofissional, não é de agenda política» reforçou.

Miguel Queimado também assinalou o «clima de diálogo» que se verificou na reunião e que se conseguiu chegar já a alguns entendimentos, subsistindo, contudo, «pontos complicados».

«Houve avanços importantes na procura de um entendimentos entre os diversos agentes», resumiu o presidente da APA, recusando, porém, entrar em detalhes.

Fonte: Lusa

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