domingo, 7 de dezembro de 2014

O inspector Gadget do vinho mundial é português



06-12-2014 9:00 por Inês Alberti

Nunca produziu vinho, mas é considerado uma das melhores promessas na indústria. Copos inteligentes, uma rede social e um código mundial para identificar vinhos são algumas das invenções de André e da sua equipa.

É difícil concentrar numa palavra a profissão de André Ribeirinho. Com 36 anos, este engenheiro informático é um amante de vinhos, um embaixador dos produtos portugueses, um criador de ideias inovadoras e uma grande promessa na indústria mundial vinícola. 

Em 2010 foi eleito Personalidade do Vinho do Ano e a revista britânica "Harper" nomeou-o, em Novembro passado, "rising star" (estrela em ascensão). 

Surpresa: André Ribeirinho não vem de uma família de enólogos, nem produz vinhos. Foi a sua abordagem diferente à indústria que lhe valeu e à sua empresa o reconhecimento. Copos inteligentes, uma rede social e um código mundial para identificar vinhos são algumas das suas invenções.

"A área do vinho tem muito para dar e é uma área que tendencialmente também é mais conservadora", diz à Renascença. "Portanto, tem muito para descobrir e muitas coisas que têm de ser melhoradas. Para nós, são sempre oportunidades de negócio, de descobrir e às vezes até de criar novos produtos". 

Uma abordagem diferente 
André entrou na área "numa altura em que ainda não bebia vinho", com a criação de uma rede social para amantes da bebida de Baco. 

"Achei que seria interessante desenvolver uma aplicação que ajudasse os consumidores a escolher o vinho quando estão a frente de uma prateleira de supermercado. Então, decidi criar com mais duas pessoas a rede social Adegga", conta. 

Dez anos depois, a rede social é visitada por mais de 100 mil pessoas por mês. Procuram recomendações e críticas sobre o que de melhor se produz na área. 

Nos anos seguintes André e a sua equipa criaram ainda uma base de dados a nível mundial de identificação por código de cada vinho – o código AVIN (comparável ao ISBN dos livros) – e passou a organizar, desde há cinco anos, o Adegga Wine Market que reúne produtores e consumidores de vinho. 

Este sábado, das 15h00 às 22h00, no Hotel Florida, em Lisboa, há mais uma edição. O evento, no qual é possível provar e comprar os vinhos, contará com 40 produtores seleccionados. 

O copo de vinho do futuro 
Foi num destes eventos que André teve mais uma das suas ideias inovadoras: o "Smart Wine Glass" (copo de vinho inteligente). No Adegga Wine Market será possível experimentá-lo. 

"Nós apercebemo-nos de que as pessoas iam para casa e não se lembravam dos vinhos que tinham provado. Tentámos perceber como é que esse problema podia ser resolvido e uma das coisas que criámos foi um copo inteligente que tem um 'chip' electrónico que identifica a pessoa e o vinho que a pessoa está a beber. As pessoas vão passando o copo nos vários sensores que cada mesa tem e quando chegam a casa recebem um e-mail a dizer os vinhos que provaram", explica. 

A criação do "Smart Wine Glass" valeu o prémio WBIS (Wine, Business and Inovation Summit), em Munique. 

André considera uma vantagem não ter raízes na indústria do vinho. Argumenta: quem esteve sempre "ligado ao vinho tem quase um conjunto de regras porque viram as coisas a serem feitas sempre de uma determinada forma e, às vezes, não estão abertos para criar alterações ou criar coisas novas". 

De "alien" a apaixonado 
Há dez anos, André ainda nem bebia vinho e era visto como um "alien" (extraterrestre) pelos produtores mais conservadores. Agora, já não se imagina a voltar à engenharia informática. 

Justifica: "depois de uma pessoa se apaixonar por vinho é muito difícil deixar de gostar de vinho".

"Uma das coisas mais fantásticas do mundo do vinho é que quanto mais vinhos novos conhecemos mais queremos conhecer mais vinhos e regiões novas e países novos". 

Para 2015, André Ribeirinho tem planeada a "exportação" do seu evento, o Adegga Wine Market, para a Alemanha.

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