domingo, 11 de janeiro de 2015

Produtores contra "intromissão política" no vinho

Manifestação convocada pela Câmara de Melgaço está a causar polémica

09/01/2015 | 21:34 |  Dinheiro Vivo
A Avitiviver, associação de viticultores da região dos Vinhos Verdes, representativa de mais de cinco mil viticultores das principais cooperativas da região rejeitou hoje "a intromissão dos políticos" nas regras de produção e comercialização do Vinho Verde Alvarinho, que se encontram em debate na região. Em causa a manifestação de produtores promovida pela Câmara Municipal de Melgaço frente à sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, no Porto, na próxima terça-feira, dia 13, quando decorre, em Arcos de Valdevez, a última ronda negocial entre os produtores de Alvarinho em busca de um consenso.

Para a Avitiviver, o "melhor contributo" para este processo negocial "é dar-lhe tempo e espaço para que atinja um acordo justo". Razão porque assume "estranhar" que, "enquanto está em curso esta negociação, surja uma manifestação convocada por uma autarquia que financia transportes a todos (produtores e não) que queiram dispor de um dia completo no Porto".
Uma posição que é partilhada pelo presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes. "Estranho que uma manifestação seja convocada por uma empresa privada, cujo capital social é maioritariamente detido pela Câmara de Melgaço e que a autarquia subsidie o transporte e dê licença aos seus trabalhadores quando, em simultâneo os representantes dos produtores estarão a negociar nos Arcos de Valdevez", diz Manuel Pinheiro. Também a Adega de Monção assume que o protesto ocorre "fora de tempo" porque, primeiro, "que esgotar as vias negociais", sublinhou Armando Fontaínhas em declarações ao Dinheiro Vivo.

Mas a Ativiver vai mais longe nas suas críticas ao autarca de Melgaço. Em comunicado, a associação sublinha estranhar, ainda mais, a atitude de Manoel Batista atendendo às suas declarações no Parlamento dizendo que "privilegia o diálogo sobre a questão do Alvarinho". Para agora "convocar e financiar uma manifestação precisamente para obstaculizar qualquer acordo que, de livre vontade os produtores queiram estabelecer". A associação divulga, ainda, parte de um vídeo do Canal Parlamento, datado de 22 de julho, quando os autarcas de Monção e de Melgaço estiveram na comissão de Agricultura a falar da polémica do Alvarinho.
A terminar, a Avitiviver apela aos produtores e ao Ministério da Agricultura para que "não se deixem intimidar" pelo que classifica como "pouco mais que um movimento político local". Porque, garante, "os verdadeiros viticultores estão a podar e a cuidar das vinhas e não têm um dia livre para passar no Porto, mesmo que financiado à custa dos contribuintes".
O Dinheiro Vivo tentou ouvir Manoel Batista as suas declarações no Parlamento, mas o autarca de Melgaço mostrou-se indisponível. No vídeo, Manoel Batista surge a dizer que "relativamente às questões da negociação [sobre o Alvarinho] que aqui foram aventadas, queremos uma negociação. Faz sentido, é importante que haja uma conversa com a região sobre isto".

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