quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Cortiça portuguesa. A importância do desperdício para salvar o planeta



A Generation Awake distinguiu a Pelcor como um dos melhores exemplos de economia circular
Sobras e restos: quem é que dá importância a essas miudezas? Parece um assunto menor, mas é tema da maior importância. Sobretudo porque eliminar os desperdícios não é só uma moda ou um capricho.

Passou a ser também uma das principais atitudes para salvar o planeta. E, neste capítulo, a Pelcor desempenha um grande papel, segundo a Comissão Europeia. A campanha Generation Awake distinguiu a empresa portuguesa de acessórios de cortiça como um dos melhores exemplos de modelo de negócio baseado na economia circular em Portugal.

E o que é isto de economia circular? É muita coisa mas, principalmente, passa por ver a economia como um círculo, onde tudo o que se produz volta outra vez para o consumidor com o mínimo de desperdício. Implica, portanto, mudar a forma como usamos os recursos, fazer mais com menos, diminuir os custos e o impacto no ambiente. A Pelcor, fundada em 2003, fez tudo isto e ainda mais, segundo a Comissão Europeia. A empresa de Sandra Correia recorreu à inovação, ao design e à sustentabilidade para revolucionar o conceito de uso na cortiça, explica a Comissão para justificar a distinção atribuída à campanha Generation Awake.

Dito assim, poucos vão perceber. Será melhor, por isso, explicar como tudo começou. Sandra Correia cresceu na fábrica do pai, que produz rolhas para garrafas de champanhe. Desperdícios de cortiça amontoavam-se pelos cantos da fábrica. Ela apanhou uma mão-cheia de sobras e fez um guarda-chuva que apresentou numa feira de Almeirim. A partir daí, foram acessórios atrás de acessórios com a marca da empresa de São Brás de Alportel: desde uma mala de cortiça com um forro que é a bandeira portuguesa que ofereceu a Angela Merkel e a Hillary Clinton até à coleira que fez para o cão de Obama, passando por sapatos, cintos e outras miudezas trendy que estão à venda em Nova Iorque, no Reino Unido ou na Alemanha.

"Quando usámos a cortiça, estamos a contribuir para o desenvolvimento sustentável dos sobreiros e, uma vez que as árvores absorvem CO2, também ajudamos a prevenir o aquecimento global", contou a empresária. A cortiça, aliás, é um valioso recurso natural, ressalva a Comissão Europeia: hipoalergénico, leve, impermeável, resistente e, também, um material amigo do ambiente, reciclável e biodegradável.

E a cereja em cima do bolo é que Portugal é responsável por mais de 50% da produção de cortiça mundial. Não é a primeira vez que Sandra Correia chama a atenção de Bruxelas: já em 2011 foi nomeada "Melhor empresária da Europa" pelo Parlamento Europeu e o Conselho Europeu de Mulheres Empresárias.

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