sábado, 7 de março de 2015

A que sabe um vinho que esteve 151 anos no fundo do mar?


por B.C.HojeComentar


O aspeto do líquido que estava dentro da garrafa Fotografia © REUTERS
Escanções norte-americanos tiveram o privilégio de abrir garrafa recuperada de um naufrágio de há 151 anos. Mas o vinho, apesar de aromático, não tinha o travo esperado. Nem a cor.
O aspeto não era prometedor e o veredicto acabou por ser unânime: o vinho que estava dentro de uma garrafa recuperada de um naufrágio que aconteceu há 151 anos sabia sobretudo a... água salgada.

A garrafa foi encontrada intacta há quatro anos, nos destroços de um navio naufragado em 1864, durante a Guerra Civil Americana, ao largo da costa das Bermudas. Um painel de peritos abriu-a e provou o vinho na sexta-feira, durante um festival de gastronomia em Charleston, no estado norte-americano da Carolina do Sul.

Segundo a agência Reuters, a apreciação geral foi de que o líquido na garrafa tinha um travo forte a "água salgada e gasolina". Aparentemente, 151 anos de maturação são demasiados, ainda que o Paul Roberts, um dos especialistas presentes, tenha sublinhado que não era a primeira vez que provava vinha encontrado nos destroços de um barco afundado. "Os vinhos podem ser ótimos", sublinhou. Mas não terá sido o caso.

Apesar de a garrafa estar intacta, o vinho transformou-se num líquido cinzento muito pouco apelativo que cheirava a uma mistura de água salgada, gasolina e vinagre, com um toque de álcool e citrinos. Poderá ter sido um vinho espanhol ou uma bebida espirituosa, mas hoje é sobretudo água do mar, admitiram os escanções chamados ao evento que a organização decidiu nomear com a solenidade que a ocasião exigia: "Das Profundezas: Um festival de vinho que levou 150 anos para ser realizado".

O vinho estava numa das cinco garrafas que foram recuperadas do Mary-Celestia, um navio a vapor que se afundou em circunstâncias misteriosas durante a Guerra Civil americana. O barco estava a sair das Bermudas, carregado com mantimentos, quando bateu contra um recife e naufragou em cerca de seis minutos, explicou à Reuters Philippe Rouja, um antropólogo cultural e conservador dos destroços de navios históricos do governo das Bermudas. Até hoje, não se sabe se o naufrágio foi provocado ou acidental.

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