segunda-feira, 23 de março de 2015

“Agricultura de Precisão” a caminho do Pleonasmo

 13 Março 2015, sexta-feira  RicardoBraga Investigacao & Desenvolvimento

À semelhança da designação "Agricultura Sustentável" que, dada o carácter intuitivo e incontestável (é inconcebível uma "agricultura não sustentável") se tornou redundante, estamos certos que, em relação a "Agricultura de Precisão", o destino será idêntico. Essa é, com grande clareza, a noção com que se fica, por exemplo, depois de uma visita ao recente SIMA 2015, em Paris.
Apesar de lhe ser dedicada uma área específica, sobretudo com prestadores de serviços e "pequenos" fabricantes de equipamentos, verificou-se um pouco por todo o salão que os "grandes" fabricantes dedicam à AP uma importância central na estratégia de desenvolvimento dos seus produtos.
Também muitos dos "prémios de inovação" do salão estão relacionados com a agricultura de precisão. Isso é garantia suficiente para que a AP não seja apenas uma tendência passageira mas, de facto, uma estratégia de futuro que veio para ficar. Num dos stands foi até possível observar uma charrua de aivecas com uma consola digital associada!
Obviamente que ainda temos um longo caminho a percorrer para a completa integração da AP como prática corrente na tomada de decisão das explorações agrícolas portuguesas.
Mas também não restam dúvidas que os radares dos empresários agrícolas nacionais se começam a orientar nesse sentido. No também recente X Congresso do Milho, a AP teve um painel dedicado, com uma abundante e interessada audiência. As diversas manifestações de interesse demonstradas neste, assim como noutros recentes eventos sobre o tema, são um bom indicador da sua importância crescente.
Em relação à condução assistida e automática por GPS, a mensagem é fácil de passar, as vantagens são intuitivas, tornando a decisão de adoção um processo simples.
Quanto à gestão da variabilidade espacial das culturas/atuação diferenciad /"farm information system", verifica-se que o interesse inicial é normalmente seguido por alguma dificuldade em clarificar tecnologias e sobretudo, modo(s) de "levar à prática". Neste particular, podemos beneficiar da experiência de outros países (com as devidas adaptações) que passaram pelo mesmo processo há alguns anos e com isso ser bastante eficazes, quer nos resultados, quer nos custos.
No entanto, não nos podemos esquecer que enquanto algumas das tecnologias já se encontram no "planalto da produtividade" da "Gatner Hype Curve", outras ainda caminham para o "pico das expectativas exageradas".

In Agrobótica nº 3 (Editorial)

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