sexta-feira, 20 de março de 2015

FAO lança programa para limitar impacto das catástrofes no setor agrícola


17/3/2015, 17:31
Após um estudo que demonstra o impacto das catástrofes naturais no setor agrícola, a FAO lançou no Japão um mecanismo para reduzir as consequências nos países pobres.


A FAO lançou no Japão um mecanismo para limitar os impactos das catástrofes naturais aos países pobres, após apresentar um estudo indicando que 22% de todos os danos causados por desastres climáticos incidem sobre a agricultura.

O novo instrumento, apresentando no decurso da III Conferência Mundial da ONU sobre a Redução de Riscos de Desastres, que decorre na cidade japonesa de Sendai, visa "canalizar conhecimentos técnicos e recursos financeiros com o objetivo de promover a resiliência" nestes países, refere uma nota da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).


"Com este novo esforço, pretendemos limitar a exposição das pessoas aos riscos, evitar e reduzir os impactos quando possível, e aumentar a capacidade de resposta quando as catástrofes ocorrem," explicou o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, durante a conferência.

De acordo com uma análise feita pela FAO a 78 avaliações das necessidades pós-catástrofe em 48 países em desenvolvimento durante o período de 2003-2013 "vinte e dois por cento de todos os danos causados por catástrofes naturais, como as secas, as cheias por tempestades ou ´tsunamis` recaem sobre o setor agrícola".

"Normalmente são as comunidades rurais e semirrurais pobres as que sofrem estes impactos e perdas, carecendo ainda de seguros e recursos financeiros necessários para recuperar os meios de vida perdidos. Apesar disso, no período 2003-2013, apenas 4,5% da assistência humanitária foi destinada à agricultura após as catástrofes", frisa a nota.

Apesar de o valor de 22% dar uma indicação da escala, por representar somente os danos relatados através de avaliações de risco pós-catástrofe, a FAO considera que "o impacto real é provavelmente ainda maior".

Para obter uma estimativa mais precisa dos verdadeiros custos financeiros das catástrofes para a agricultura nos países em desenvolvimento, a FAO comparou as descidas de produção durante e após as catástrofes com a evolução da mesma em 67 países afetados por pelo menos um evento de média ou larga escala entre 2003 e 2013.

"O resultado final: 70 mil milhões de dólares (65,9 mil milhões de euros) em danos nas colheitas e produção animal durante esse período de 10 anos", tendo a Ásia sido a região mais afetada, com perdas estimadas em 28 mil milhões de dólares (26,3 mil milhões), e África em 26 mil milhões de dólares (24,4 milhões de euros), indica a FAO.

"Por isso, promover a resiliência dos meios de vida face a ameaças e crises é uma das principais prioridades da FAO," considerou José Graziano da Silva, citando estudos que dão conta de que "para cada dólar gasto na redução do risco de catástrofes, são poupados dois a quatro dólares em termos dos impactos evitados".

A FAO estima que a nível mundial, os meios de sustento de 2.500 milhões de pessoas dependem da agricultura, mas "estes pequenos agricultores, pastores, pescadores e comunidades que dependem das florestas, geram mais de metade da produção agrícola mundial e são particularmente vulneráveis às catástrofes que destroem ou danificam colheitas, equipamentos, provisões, gado, sementes, plantações e alimentos armazenados".

A FAO apelou a mais investimento para o setor por considerar que em países como Moçambique, Burkina Faso, Burundi, República Centro-Africana, Chade, Etiópia, Quénia, Mali e Níger a agricultura "continua a ser um setor chave", sendo "responsável por até 30% do PIB nacional".

A III Conferência Mundial da ONU sobre a Redução de Riscos de Desastres termina na quarta-feira.

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