domingo, 29 de março de 2015

Morreu o ex-ministro da Agricultura Sevinate Pinto



Áudio Assunção Cristas reage a morte de Sevinate Pinto
Faleceu Armando Sevinate Pinto, apurou a Renascença junto de fonte familiar. A morte do ex-ministro da Agricultura no Governo de Durão Barroso ocorreu esta madrugada. A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, fala com profundo pesar de um mestre que deixa muitos discípulos, lote em que se inclui. 

29-03-2015 12:48

Armando Sevinate Pinto morreu esta madrugada aos 69 anos. Da sua vida pública destaca-se a pasagem pela pasta da Agricultura durante o Governo de Durão Barroso, o trabalho de consultoria de Cavaco Silva para os assuntos agrícolas e rurais, e ter feito parte da equipa que negociou a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia. 
Em declarações à Renascença, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, teceu grandes elogios à obra política de Sevinate Pinto. "Eu creio que hoje o momento bom que se vive na Agricultura deve-se muito também ao trabalho do engenheiro Armando Sevinate Pinto, quer enquanto ministro, quer enquanto consultor, e pessoa muito activa do desenvolvimento da nossa agricultura".

Assunção Cristas fala do ex-ministro como um mestre e demostra profundo pesar. "Pessoalmente, guardo dele uma extraordinária gratidão, foi ele que me deu a minha primeira lição de agricultura e políticas agrícolas, logo após ter sido indicada para este cargo. Passei longas horas em casa do engenheiro Armando Sevinate Pinto, onde aprendi muito daquilo que, ainda hoje, uso nas minhas funções quotidianas. Portanto, só posso estar profundamente triste, mas creio que ficará bem viva a memória dele, os discípulos também que deixa e, nesse sentido, eu também me sinto muito discípula dele", remata.

De Ferreira do Alentejo a Lisboa
Sevinate Pinto nasceu em Ferreira do ALentejo em 1 de Janeiro de 1946, e licenciou-se em Engenharia Agronómica, Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa.
Passou pelo Centro de Estudos de Economia Agrária da Fundação Gulbenkian e pelo Ministério do Comércio, onde ocupou cargos de técnico superior.
Segue depois para o Ministério da Agricultura, onde conheceu quase todos os cargos. Desempenhou, sucessivamente, a função de técnico superior, e a de director de serviços e director-geral. Neste período foi ainda membro da Comissão Interministerial para a Integração Europeia e fez parte das negociações para a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.
Prestígio internacional
É precisamente com a entrada de Portugal na CEE, em 1987, que Sevinate Pinto chega a Bruxelas. Inicialmente como director no Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA) e na Investigação Agrícola. Mais tarde passa a dirigir o Desenvolvimento Regional.
O político português fez parte do grupo da última reforma da Política Agrícola Comum. Foi considerado como um dos mais prestigiados altos funcionários portugueses da União Europeia.
Em Abril de 2002, com a eleição do XV Governo, ocupa o cargo de Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas a convite do primeiro-ministro social-democrata Durão Barroso. Dois anos depois, deixa o cargo. Ao longo da carreira foi ainda professor universitário e consultor agrícola, nomeadamente de Cavaco Silva.
A 9 de Junho de 2005 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Recentemente, subscreveu  o manifesto Preparar a Reestruturação da Dívida para Crescer Sustentadamente.

Condolências do Presidente da República
O Presidente da República, Cavaco Silva, enviou sentidas condolências à família do ex-ministro da Agricultura Sevinate Pinto, falecido esta noite aos 69 anos, um homem que "possuía um conhecimento ímpar da realidade do mundo rural português".
Na mensagem de condolência, publicada na página da presidência na internet, o presidente destacou que Armando Sevinate Pinto "possuía um conhecimento ímpar da realidade do mundo rural português, fruto do seu labor académico, da sua proximidade aos problemas da terra e da sua experiência como Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas do XV Governo Constitucional".
O ex-ministro, hoje falecido aos 69 anos, exerceu funções como Consultor da Casa Civil do Presidente da República até Março de 2014, altura em que foi exonerado, a pedido do próprio, depois de ter assinado o "Manifesto dos 70", no qual diversas personalidades pediam a reestruturação da dívida pública portuguesa.
"Tive o privilégio de contar com o extraordinário apoio do seu saber e da sua experiência e, a par disso, de testemunhar as suas invulgares qualidades humanas: o seu sentido patriótico de dever, a sua profunda dedicação a Portugal, a calorosa afabilidade de trato, o apreço pelo convívio fraterno com os seus semelhantes", realçou o presidente.
Sevinate Pinto "aliava essas qualidades profissionais e pessoais a uma discrição que é própria daqueles que não almejam protagonismos nem buscam palcos mediáticos", destacou.

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