segunda-feira, 27 de abril de 2015

Como o sucesso de um negócio pode depender de “acelerar o falhanço”

20 Abr 2015


Investidores, académicos e empresários debateram os factores críticos para o êxito de um projecto. Fazer testes, cometer erros e até arriscar o falhanço são só alguns deles.
Os números são arrasadores: 95% a 98% das iniciativas empresariais resultam em fracasso. Os dados não são de agora - as estatísticas remetem para os anos 90 do século passado - nem são exclusivas de Portugal: nos EUA, onde o empreendedorismo faz parte do ADN da economia, acontece exactamente o mesmo.
É esta envolvente tão adversa aos negócios que levou Manuel Laranja, docente do ISEG, a afirmar que "é preciso acelerar o falhanço", na medida em que é com o erro que se aprende a não errar. As estatísticas voltam a ajudar: "É normal o sucesso só chegar à quinta, sexta ou sétima tentativas", afirmou Manuel Laranja, para quem o fracasso tem outra vantagem: "As 'start ups' falham, porque arrancam muito depressa com uma ideia ou um produto, em vez de encontrarem um mercado. É preciso testar o produto e depois encontrar um modelo de gestão para o validar".
O docente do ISEG fazia parte de uma mesa redonda no seminário do Crédito Agrícola dedicada ao Prémio Empreendedorismo e Inovação - iniciativa que arrancou na última sexta-feira, dia 17, no Porto, e se prolonga até Novembro -, e que juntou ainda Joaquim Lampreia, associado do escritório de advogados Vieira de Almeida, João Sebastião, director da consultora de comunicação GCI, e Luís Mira da Silva, da INOVISA. O que os responsáveis quiseram deixar à numerosa plateia foi uma espécie de 'road map' do empreendedorismo - ou seja, como fazer para não se incluírem nos 98% de empresas que não chegam a parte nenhuma.
Para além da ideia central de Manuel Laranja - que se pode traduzir na frase "não basta sonhar ou ter ideias" - Joaquim Lampreia acrescentou que a contratação de um especialista em matéria legal deve ser uma preocupação de base. "Só se percebe a falta que faz um advogado quando as coisas correm mal", disse, para lembrar que salvo raríssimas ocasiões, há sempre alguma coisa que corre mal. Seja "nas questões fiscais; na estruturação do negócio; nas questões societárias; na propriedade industrial e intelectual; nos moldes do financiamento; ou nas questões contratuais e laborais", há um vasto domínio onde a presença de um advogado junto de quem teve a ideia e a quer lançar como negócio é imprescindível.
A terceira vertente, e não menos importante, é a da comunicação. "É o acelerador", defende João Sebastião. Em duas vertentes paralelas: "Para massificar a mensagem, dando-lhe notoriedade e reputação, e para angariação de investimentos". Ou seja, ninguém financia ou compra o que não sabe que existe.
Empreendedorismo activo
O 'road map' do empreendedorismo não se esgota nas vertentes da economia, do direito e da comunicação, mas o contributo dos três participantes no painel permitiu esquematizar alguns dos seus pilares fundamentais, numa altura em que os empreendedores nacionais nunca estiveram tão activos - pelo menos que diz respeito à fileira da agricultura, do sector agro-alimentar, das florestas e da economia do mar.
Isso mesmo foi salientado pela ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas (que falou na abertura do seminário) ao afirmar que, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), "há mais de 1.500 candidaturas de jovens agricultores". Neste sector particular, como recordou Licínio Pina, presidente executivo do Crédito Agrícola, a instituição que lidera dá cartas: para além de 20% da carteira de crédito estar investida na alavancagem da agricultura (e suas derivações), "contratámos esta semana com o Banco Europeu de Investimento mais uma linha de crédito bonificada".

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