segunda-feira, 6 de abril de 2015

No Douro há alunos a aprender a trabalhar nas vinhas e nas adegas



 04 Abril 2015, sábado  Viticultura
Douro

Alunos metem as mãos na terra para enxertar videiras no Douro, uma das muitas tarefas que fazem durante o ano na vinha ou na adega da Escola Profissional da Régua que aposta no trabalho para uma melhor aprendizagem.
Está inserida na Região Demarcada do Douro e, por isso, a aposta da Escola Profissional do Rodo, no concelho de Peso da Régua, vai para cursos que deem resposta às necessidades deste território, como Viticultura e Enologia, Restauração ou Termalismo.
«Acabei de fazer uma enxertia num porta-enxertos e acabei de enxertar com a casta avesso», afirmou Hugo Ribeiro, 17 anos, natural de Marco de Canavezes e estudante do curso de Viticultura e Enologia.
O trabalho faz-se na vinha da escola mas também em algumas quintas que recebem os alunos em estágios. «Como a quinta é muito grande, dá para fazer várias tarefas ao longo do ano», sublinhou.
Hugo Ribeiro disse que já fez poda, tratamentos da vinha, mas o que mais gostou foi da vindima, a época alta do Douro, em que se colhe o fruto de um ano de trabalho que depois irá dar origem ao vinho.
O jovem quer trabalhar na agricultura, espera que numa das quintas onde estagiou mas sonha em um dia criar o seu próprio negócio.
Com uma navalha Hugo cortou o porta-enxertos onde inseriu depois a vide e prendeu esta união com ráfia. Depois, foi a vez de Mafalda Sérgio cobrir o enxerto com terra para «reter a humidade» e «não secar».
«Porquê este curso? Faz parte da minha tradição, os meus pais têm vinha e esta é uma maneira de ter outro percurso de vida. Quando acabar o curso quero procurar trabalho nesta área«, afirmou a jovem.
Com 23 anos e natural de Alijó, Mafalda salientou que a parte de que mais gosta deste curso é a de enologia, o trabalho no laboratório, onde ajuda a criar o vinho da escola.
O subdiretor da escola, José Luís, mostrou orgulhoso o ex-líbris do estabelecimento de ensino: um vinho generoso de 20 anos que foi produzido por alunos e professores.
«Todo o trabalho na vinha é feito com a ajuda dos professores e alunos que contribuem para o produto final, para o nosso vinho do Porto», afirmou.
A aposta, segundo frisou, vai para uma aprendizagem em «contexto de trabalho real». «Tentamos aproximá-los o máximo possível da realidade que vão encontrar no mercado de trabalho», salientou.
A Escola do Rodo está instalada numa quinta de nove hectares, seis dos quais são de vinha onde se produz uma média de 40 pipas de vinho por ano, 12 das quais de vinho do Porto.
O vinho é vendido e o rendimento é reinvestido na escola, na aquisição de, por exemplo, material, e na vinha.
Lígia Cruz trabalhou como enóloga e há um ano abraçou o novo desafio de ensinar neste estabelecimento de ensino os conhecimentos que adquiriu na universidade e nas empresas.
«Aqui os alunos acompanham todos os trabalhos desde a vinha à adega, até ao engarrafamento e rotulagem», salientou.
Depois do vinho do Porto, a docente disse esperar que seja possível lançar um vinho de mesa feito na vindima de 2014.
O curso de Viticultura é lecionado há 22 anos e aqui, segundo explicou Lígia Cruz, os estudantes aprendem todas as práticas culturais da vinha e, por isso, garantiu que saem da escola «aptos para fazerem isso em qualquer lado».
Muitos destes estudantes optam por não prosseguir os estudos e vão trabalhar para as quintas durienses.
E neste Douro, onde a aposta vai para a produção de vinho e para o turismo, também a escola direcionou cursos para dar resposta às necessidades do setor da hoteleira e restauração.
No restaurante pedagógico, os alunos cozinham e servem professores e até convidados e aprendem a lidar diretamente com o público.
Estudam no Rodo cerca de 400 alunos, muitos deles provenientes de fora da região.
Fonte: Lusa

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