sexta-feira, 17 de abril de 2015

Produção de flores na Madeira regista aumento de área e dinamização no consumo interno

13-04-2015 
 
O sector madeirense da produção de flores, que gera um rendimento médio anual de seis milhões de euros, tem registado um aumento das áreas de cultivo, uma dinamização no comércio interno e uma redução da exportação e da importação.

Dados fornecidos pela Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural referem a existência de 135 explorações florícolas ao ar livre e em estufa, ocupando um total de 45 hectares, mais nove do que em 2002, com destaque para a produção de orquídeas, antúrios, próteas, rosas e gerberas.

Em 2014, a produção geral foi de 13 milhões de flores e hastes, mas a exportação baixou para 70.448 unidades, quando em 2010 tinha sido de 212.169. A Direcção de Agricultura considera este indicador sinal de que «o mercado interno está a absorver as flores produzidas em maior quantidade», realçando que, este ano, o conjunto das actividades da Festa da Flor, o maior cartaz turístico da Madeira, que decorre entre 16 de 22 de Abril, vai contar com uma quota de flores regionais entre os 70 e os 80 por cento.

«O mercado das flores está a crescer», confirmou à Lusa Liliana Dionísio, proprietária da exploração Plantatlântico e da empresa Tulipa, que se dedica ao comércio florícola há 28 anos. «O problema é que não estamos a conseguir praticar os preços ideais devido à situação de contingência no país. Estamos a praticar os mesmos preços de há dez anos, não houve evolução nisso, o que é bastante complicado», sublinhou.

Em 2012, as flores ficaram sujeitas à taxa máxima do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), que na região é de 22 por cento. Em 2013, a situação foi revista, passando o comércio de flores a estar sujeito à taxa mínima de cinco por cento. No entanto, a tendência de quebra das exportações e das importações manteve-se e estas últimas sofreram um decréscimo de 150 mil euros, passando de 765 mil euros em 2011 para 614 mil em 2012.

A mão-de-obra afecta à floricultura também tem vindo a diminuir, apesar do aumento das áreas de produção, ocupando actualmente 153 trabalhadores, situação que as autoridades explicam com uma aposta cada vez maior no factor tecnológico e com o facto de muitas das explorações serem pequenas e familiares.

O concelho de Santa Cruz é o maior produtor de flores do arquipélago, com 43 por cento das explorações e 52 por cento da área total. Segue-se o Funchal, com 18 por cento do total das explorações e nove por cento da área. As restantes explorações distribuem-se um pouco pelos outros concelhos localizados na vertente sul da Madeira, uma vez que a costa norte não apresenta grande apetência para este tipo de cultura. No Porto Santo não existe nenhuma exploração florícola.

O mercado grossista absorve 52 pontos percentuais (p.p.) da produção de flores, mas a venda directa ao consumidor e às floristas assume também grande destaque, mantendo viva uma tradição que criou rótulos para a região como "a ilha das flores", "o jardim do Atlântico" ou "a Madeira é um jardim".

«Agora, estamos com um "handicap" muito grande, porque os clientes não podem levar flores nos aviões devido aos encargos e às taxas que são cobradas», explicou Liliana Dionísio, realçando que o seu grupo nunca esteve vocacionado para a exportação.

«O mercado regional é um bom consumidor de flores, além de que o projecto foi todo ele pensado tendo em conta um determinado público e as quantidades que podíamos produzir», disse.

A Plantatlântico, situada no concelho do Funchal, produz em média 187 mil flores por ano, entre antúrios, gerberas e liliuns, tendo como grandes clientes os hotéis e os organizadores de eventos. Liliana Dionísio salientou, no entanto, que, em termos individuais, as suas flores acompanham a vida inteira dos clientes: «Nós vivemos todos momentos da pessoa, desde a nascença até, infelizmente, a parte final. Apanhamos os casamentos, os baptizados, as comunhões, os aniversários e, depois, a parte final que é a menos agradável».

Fonte: Lusa

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