terça-feira, 19 de maio de 2015

Herdade do Mouchão: a tradição ainda é o que era!

A adega, construída em 1901 com técnicas tradicionais
D.R.
ANTÓNIO MENDES NUNES
18/05/2015 11:32:22
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A Herdade do Mouchão, situada no norte do Alentejo, no concelho de Sousel, distrito de Portalegre, é pátria de alguns dos mais interessantes tintos portugueses. Já na década de 1950, iniciam a sua actividade de engarrafadores, uma novidade na época, na região. Mas o Mouchão tem outra particularidade única: a de ter trazido para o Alentejo a casta alicante bouschet, que aqui encontrou belíssimas condições de desenvolvimento, tendo proporcionado colheitas de Mouchão verdadeiramente notáveis, como foram os 1963, 1974, 1982, 1985, 1988, 1992 e, a fechar essa década, o 1998 e o 1999.

A história da família Reynolds no Alentejo começa no início do século XIX, quando Thomas Reynolds desceu do Porto até ao Alentejo em busca de cortiça. Um século depois, o neto de Thomas, John Reynolds, adquiriu uma propriedade de 900 hectares denominada Herdade do Mouchão, plantou vinhas e, em 1901, construiu uma adega. Até hoje continuam a usar-se as técnicas tradicionais de vinificação para dar vazão aos 39 hectares de vinha. Recentemente fizemos uma prova das três gamas de vinho da herdade: D. Rafael, Ponte das Canas e Mouchão. O anfitrião foi David Marques Ferreira, director da herdade, enquanto o enólogo Paulo Laureano fez gazeta.

Dom Rafael branco 2014 – 7,50€ Feito de antão vaz e arinto. comparámo-lo com o 2010, que tinha perrum em vez de arinto, e o mais recente é mais vulgar nos aromas e pede mais comida.

Dom Rafael tinto 2012 – 9,90€ Alicante bouschet (40%), trincadeira e aragonez (30% cada). Muito mais suave do que o 2011 e mais apto a beber já. Provámos também o 1993, que ainda mostra bela frescura e bons taninos... e só tinha 12,5% de álcool.

Ponte das Canas 2011 – 16,90€ A primeira colheita desta vinha (chama-se Vinha das Canas e tem no extremo uma ponte da época romana, daí o nome do vinho) foi em 2005. O 2011 vai estar à venda em Junho. Muito especiado. na boca mostra--se cheio, com muita fruta, taninos vivos mas domados, e belo final compotado.

Provámos ainda o Mouchão 1984. Evoluído de cor, embora ainda se comporte muito bem na boca, com frescura e alguns taninos. Tem um final muito compotado. Provámos também o 2002, que está fantástico, com taninos muito vivos e um toque de hortelã na boca muito giro. O Mouchão 2009 (entre 29 e 32€) e o 2010, que só sairá para o mercado em Agosto próximo, mostram uma enorme estrutura e ambos pedem comida capaz de se bater com a forte personalidade de qualquer um destes vinhos.

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