segunda-feira, 15 de junho de 2015

Vender vinho mais caro é melhor do que vender muito - Viniportugal


LUSA14 de Junho de 2015, às 09:52

O preço médio de exportação dos vinhos portugueses aumentou e já duplicou o dos espanhóis, uma aposta que o presidente da Viniportugal quer reforçar, defendendo que os "euros que entram são mais importantes do que os litros que saem".

Para o presidente da associação responsável pela promoção externa dos vinhos portugueses, Jorge Monteiro, o que interessa é a valorização do produto.

"Não nos interessa exportar mais volume, interessa-nos exportar mais valor e Portugal está a gerar mais receita, fazendo crescer o preço médio. Portugal não se deve preocupar com o volume de produção, deve-se preocupar com uma maior valorização do produto e colocá-lo nos mercados a preços superiores, no fundo acrescentar-lhes valor. Interessa-nos mais os euros que entram no país do que os litros que saem", declarou à Lusa.

A cidade francesa de Bordéus será, a partir de hoje e até quinta-feira, mais uma montra para a promoção dos vinhos nacionais a partir da Vinexpo, um dos principais certames mundiais dedicados ao setor e que conta com a presença de cerca de 90 empresas portuguesas.

"É um grande momento para as empresas portuguesas onde estarão muitos potenciais compradores não só de França, mas também de outros países da Europa. Quem não aparece, esquece", disse o responsável da Viniportugal, destacando a importância de marcar presença neste tipo de eventos.

Jorge Monteiro sublinhou que este é "um negócio muito competitivo" e que é importante não perder posições de mercado, especialmente face a novos países produtores como a África do Sul, o Chile ou a Argentina que "têm de ser acompanhados muito de perto", mais até do que produtores tradicionais como Espanha ou Itália que vendem também vinhos a granel, a preços mais baixos.

O presidente da Viniportugal explicou que o aumento do preço médio do vinho português reflete o reconhecimento internacional do produto, mas também o facto de serem exportados cada vez mais vinhos engarrafados na origem e menos a granel.

"Portugal exporta apenas 5% de vinho a granel. Espanha exporta muito mais do que nós, a um preço médio de 1,14 euros por litro, enquanto Portugal exportou a um preço médio de 2,50 euros", comentou.

Salientando que Portugal apresenta neste momento "um dos melhores desempenhos a nível mundial", Jorge Monteiro lembrou que, no final de 2014, Portugal posicionou-se entre os três únicos países do mundo que viram o comércio de vinho crescer e desvalorizou o aumento das importações no primeiro trimestre de 2015 (10,6% face a um crescimento de 1,3% nas exportações).

"É um fenómeno do primeiro trimestre que tem a ver, por um lado, com o facto de termos tido vindimas curtas e, por outro, termos uma capacidade de colocação do produto no mercado que está acima da nossa capacidade de produção", justificou o mesmo responsável, assinalando que Portugal "consome muito" (3.º maior consumidor 'per capita' a nível mundial) e "exporta muito" (4.º maior exportador em termos percentuais).

Além disso, há uma "nova componente de negócio", que consiste em reexportar, com valor acrescentado, vinhos importados a baixo preço, oriundos maioritariamente de Espanha.

No que respeita a tendências, Jorge Monteiro apontou o crescimento "acima da média" de categorias como os espumantes e rosés, a par de "alguma saturação de vinhos varietais" (com predominância de uma única casta), positiva para Portugal que normalmente exporta vinhos 'blend' (produzidos a partir de diferentes variedades de uvas).

Em termos de mercados, os Estados Unidos destacam-se como o destino que tem tido um crescimento mais significativo.

"Vamos para o quarto ano consecutivo a crescer a uma taxa interessante. Brevemente, os Estados Unidos poderão vir a ser o primeiro mercado de vinhos portugueses fora da União Europeia", acredita.

Na edição de 2015 da Vinexpo, que vai ser visitada na terça-feira pelo vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, serão organizadas conferências para aprofundar o conhecimento dos vinhos portugueses, castas e regiões, bem como provas de degustação para promover os vinhos medalhados em concursos internacionais e no Concurso Nacional de Vinhos de Portugal.

RCR// ATR

Lusa/fim

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