sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A vindima como trabalho de campo

Colher e fermentar uvas ajuda-nos a avaliar um vinho com rigor. É uma festa didática. 


28.08.2015 00:30 

A educação dos portugueses em matéria de vinhos deve-se muito à figura do enólogo transformado em técnico de relações-públicas nas feiras vínicas, num exercício copiado ao detalhe do que se passava no novo mundo do vinho (Califórnia, Austrália, Argentina, Nova Zelândia, África do Sul, Uruguai ou Chile). Noutros tempos, o enólogo era um engenheiro (por vezes nem isso) que vivia fechado na adega, com um ou outro passeio às vinhas em setembro e outubro. Hoje, ele é a cara do vinho. Ele é quem explica, educa e seduz os consumidores. 

Ora, se as feiras funcionam, por assim dizer, como sala de aula dos consumidores, as vindimas são uma espécie de trabalho de campo. É durante o período da apanha e fermentação das uvas que o enófilo empenhado reúne um conjunto de informações importantes que o ajudarão a avaliar corretamente um vinho. Conceitos como vindima de precisão, escolha no tapete, fermentações a baixa temperatura, leveduras indígenas ou não, batonnage, barricas de meia tosta, fermentações maloláticas no inverno, colagens e outros termos são explicados aos consumidores pelo enólogo/relações-públicas. 

É por isso que as empresas apostam – e bem – na oferta de programas de vindima para iniciados e enófilos encartados, regra geral com programas lúdicos associados. Podemos ir cortar uvas, pisá-las, almoçar em grande estilo, fazer uns passeios interessantes à volta das vinhas, comprar umas garrafas mais em conta e regressar a casa vinicamente mais cultos. 

Quem quiser saber onde há programas de vindimas deverá contactar as comissões vitivinícolas regionais ou as entidades regionais de turismo.

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