terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ladrões de cortiça na mira da GNR



03-09-2015 14:00 por Rosário Silva 

Proprietários e produtores da região de Santiago do Cacém estão preocupados com o aumento dos furtos de cortiça. No terreno está um projecto de policiamento e prevenção deste tipo de ilícito, denominado "Cortiça Segura".

"Se não houver segurança, depois de nove anos à espera do fruto e ele ser furtado então a situação é muito complicada para o proprietário". O desabafo é de Jaime Guimas, produtor e um dos responsáveis da Associação de Produtores Florestais do Alto Alentejo (ASFOALA), com sede em Santiago do Cacém. 

O roubo de cortiça é um crime que tem vindo a aumentar numa região onde esta actividade económica assume cada vez maior relevância. 

Os criminosos já não roubam apenas as pilhas, mas até da própria árvore: "Vão de noite e fazem elas próprias a tiragem, danificando este recurso florestal" queixa-se à Renascença, o produtor. 

Com o aperfeiçoamento das novas tecnologias, acrescenta Jaime Guimas, " é fácil para os ladrões controlarem o que quiserem". A esta realidade junta-se uma outra. "Os montes têm cada vez menos pessoas" lamenta o responsável da ASFOALA, associação que tem cerca de 1.500 membros repartidos pelos concelhos de Grândola, Santiago do Cacém, Alcácer do Sal (distrito de Setúbal), Ferreira do Alentejo, Odemira e Ourique (distrito de Beja). 

Para combater este tipo de ilícito, a Guarda Nacional Republicana (GNR) lançou, como experiência, o "Cortiça Segura "um projecto de policiamento e prevenção dos furtos de cortiça, nesta fase, na zona de Santiago do Cacém. 

Pretende-se, em primeiro lugar, "uma intensificação do patrulhamento e investigação criminal", explicou à Renascença o tenente Luís Maciel. Depois, promover "uma acção informativa, de sensibilização e esclarecimento, para os proprietários e produtores de cortiça para lhes passar algumas informações de medidas de segurança passivas e activas para que os mesmos possam ter nas suas propriedades". 

Conselhos aos produtores
Entre os conselhos a ter em conta, as autoridades pedem que se tenha em "atenção o recrutamento de trabalhadores contratados para fazer este tipo de serviço". 

O tenente Luís Maciel pede muita atenção em situações estranhas, como por exemplo " luzes ou viaturas que vejam a circular nas proximidades ou nas suas propriedades". Sempre que possível os proprietários devem  fazer passagens frequentes pelas suas propriedades e alterar hábitos, porque "a rotina é um grande 'handicap' que temos para a prevenção deste tipo de ilícitos". 

No caso de a cortiça já ter sido extraída, a GNR aconselha a que seja acondicionada em locais fechados ou, se não for possível, colocá-la em lugares visíveis ou zonas habitadas.

Até ao final de Agosto, na área do destacamento territorial de Santiago do Cacém, a GNR contabilizou 28 queixas por furto. Comparativamente ao ano anterior há um maior número de ocorrências. 

Com o "Cortiça Segura", a GNR espera conseguir diminuir o número de furtos e, ao mesmo tempo, alertar os proprietários e produtores para a necessidade de formalizarem a acusação pois "muitas vezes não é feita queixa e, por isso, as autoridades ficam impedidas de realizar o seu trabalho de investigação".

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