domingo, 25 de outubro de 2015

FAO e França querem incluir agricultura no debate global sobre alterações climáticas

 15-10-2015 
 

 
Todos os países devem unir esforços para alcançar um acordo ambiciosos de forma a combater as alterações climáticas, colocando a segurança alimentar e a agricultura no centro do debate.

As afirmações são do director-geral da organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva e do Ministro da Agricultura francês, Stéphane Le Foll, alertando que o caminho oposto levaria a um desaproveitamento dos recentes avanços na luta contra a fome no mundo.

Graziano da Silva e Le Foll lançaram este alerta num evento paralelo do Comité de Segurança Alimentar Mundial (CSA), que decorreu esta semana, em Roma. Ambos instaram os países a alcançar um acordo sobre a forma de combater as mudanças climáticas antes da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, COP21, que terá lugar em Paria, de 30 de Novembro a 11 de Dezembro.

O director-geral da FAO elogiou a recente aprovação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável por parte da comunidade internacional, que inclui a erradicação da fome e da pobreza extrema. Porém, destacou que, para atingir estes objectivos, é necessário uma mudança de paradigma para sistemas agrícolas e alimentares quês sejam mais produtivos e integradores e se adaptem melhor às mudanças do clima.

«Podemos erradicar a fome e a pobreza extrema em 2030. Sabemos que funciona e temos as ferramentas necessárias, mas também sabemos que as alterações climáticas ameaçam os nossos esforços. Já têm consequências para a segurança alimentar e dificulta ainda mais a possibilidade de acabar com a fome», disse Graziano da Silva.

O responsável pela FAO acredita que «a agricultura no seu sentido mais amplo, incluindo a silvicultura, a pesca e a aquicultura, pode e deve desempenhar um papel chave na luta contra as alterações climáticas, em especial na adaptação às suas consequências, como a escassez der água, a salinidade dos solos ou as crescentes pragas e doenças vegetais e animais», afirmou.

Por seu lado, o ministro francês da Agricultura assinalou que cada homem e cada mulher do planeta vão suportar com as consequências «se os líderes mundiais não estabelecerem objectivos concretos e atingíveis», para travar o aquecimento global», referindo ainda que a agricultura, geralmente considerada como um problema devido à sua contribuição para as emissões de gases com efeito de estufa, Le Foll salientou a necessidade de desenvolver técnicas que «nos permitam ser mais prudentes e consumir menos energia».

No entanto, frisou le Foll, qualquer análise à agricultura não pode limitar-se a ficar de braços cruzados e esperar que o problema se resolva através de medidas científicas, porque a tecnologia deve ser combinada com a dimensão social. É urgente rever o modelo agrícola para melhor se adaptar a cada ecossistema, sendo necessária uma revolução que utilize os mecanismos naturais para favorecer a produção.

Graziano da Silva indicou que as pessoas mais pobres e vulneráveis do mundo, cerca de 80 por cento das quais vivem em zonas rurais, são as mais afectadas pelos efeitos negativos do aquecimento global, incluindo secas e inundações.

Embora estas pessoas, entre as quais se encontram agricultores familiares, pastores, e silvicultores comunitários, dependam, em grande medida, dos recursos naturais e são as primeiras a sofrer as consequências das perturbações meteorológicas, são quem menos responsabilidade têm nas alterações climáticas e não se pode querer que assumam os custos da adaptação ao mesmo, disse Graziano da Silva.

Fonte: Agrodigital

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